Moda brasileira quer conquistar Paris e Nova York; megadesfiles podem acontecer no 2º semestre
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 01 de fevereiro de 2000
Por Deborah Bresser
São Paulo, 01 (AE) - Fazer, em Nova York e Paris, uma espécie de MorumbiFashion, com o que a moda brasileira tem de melhor e mais bonito. O plano não é nenhum delírio. O projeto existe e deve sair do campo dos sonhos no segundo semestre deste ano. "Estamos programando a realização de dois megadesfiles em Nova York e Paris, com estilistas, modelos e produção 100% nacionais", revela Paulo Scaf, presidente da Abit-Associação Brasileira da Indústria Têxtil.
Quem vai e o que será mostrado ainda não foi definido. "A idéia dos desfiles faz parte de um processo de valorização dos têxteis brasileiros, que começou com o o lançamento do prêmio Abit e terá outras ações durante o ano, como o Instituto da Moda e a participação em feiras internacionais", diz Scaf. Tudo feito em parceria com Paulo Borges, o diretor-geral do MorumbiFashion Brasil, evento que ajudou a colocar o setor em ordem. Caldeirão de idéias - Encerrada na segunda-feira, a 8ª edição do MorumbiFashion deixou claro que o Brazil não só já conhece o Brasil como quer beber nesta fonte. "Estou boquiaberta com a moda que vi no MorumbiFashion. Isso aqui é um caldeirão de idéias!", declarou Isabella Blow, a stylist mais bambambã da Inglaterra e diretora de moda do "Sunday Time".
Celeiro de talentos, o País deve muito de sua atual fama no mundo fashion ao virtuosismo de alguns de seus representantes. Gisele Bundchen faz sua parte nas passarelas e criadores como Fause Haten e Alexandre Herchcovitch garantem espaço para o estilo brasileiro. Haten desfilará na Semana de Moda de Nova York no dia 07 e Herchcovitch participará da London Fashion Week. O que a Abit quer fazer em âmbito macro, esses garotos já estão realizando.
"Vou levar comigo toda a indústria têxtil para Nova York, estarei lá mostrando produto brasileiro, feito com tecido nacional, modelos e trilha brasileiras", diz Haten. Ele chegou lá depois de ter sido escolhido em 99 para criar uma coleção exclusiva para a Giorgio Beverly Hills, com direito a fazer um ruidoso lançamento e a ter um contrato de exclusividade com a loja da Rodeo Drive. "No primeiro dia, a coleção vendeu US$ 18 mil, foi superbacana", lembra Haten.
Hoje, Giorgio Bervely Hills é um de seus clientes. Ele já tem showroom em Nova York e iniciou o processo de convencimento por lá. "O pessoal da Language e da Barneys viu a coleção e gostou, mas essas lojas dificilmente compram de cara
esperam uma segunda coleção". Quem já vende nessas lojas e também na Neiman Marcus e na Nordstrom é a Forum, que atua no exterior com sua linha prêt-à-porter, comercializada com a grife Tufi Duek. Mascate fashion - Alexandre Herchcovitch é outro que vende no exterior há quatro anos e começou como mascate fashion. "Coloquei 30 roupas na mala e fui para Nova York. Mostrei as peças a alguns compradores de lojas e tudo começou". Hoje ele tem um showroom em Paris - o C.V.D.C. - que distribui suas roupas para todo o mundo. Já são 15 pontos-de-venda, na Inglaterra, Estados Unidos, Japão, Hong Kong, Alemanha e Itália.
Reinaldo Lourenço tem showroom em Londres e vem garantindo espaço na mídia internacional. Tem peça dele na "Vogue" inglesa e, logo mais, estará na "The Face", pelas mãos de Isabella Blow. Ela comprou e levou roupas para editorial. A stylist também disse ter comprado de Fause Haten o segundo jeans de sua vida. Estar no guarda-roupa dela é, no mínimo, sinônimo de vanguarda e modernidade.