Minoritários da White Martins tentam impedir fechamento de capital
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terça-feira, 28 de março de 2000
Por Maria Fernanda Delmas
Rio, 29 (AE) - Acionistas minoritários da White Martins estarão entregando amanhã e terça-feira procurações contrárias à oferta pública de compra das ações para fechamento do capital da empresa. Os documentos, que serão encaminhados ao Credit Suisse First Boston, corretora que intermedia a venda, são assinados por donos de 91 milhões de ações ordinárias (com direito a voto). Até o dia 11, data marcada para o leilão das ações, outras procurações serão entregues e este poderá ser o primeiro caso no País de minoritários impedirem, no dia da oferta pública
o fechamento de capital decidido pelo bloco de controle de uma empresa.
Com ações negociadas em bolsa desde 1921, a White Martins é uma das mais antigas companhias de capital aberto em operação no Brasil. É controlada pela norte-americana Praxair, que atua em 40 países e tem patrimônio de US$ 4,6 bilhões. A intenção de fechamento de capital no mercado nacional foi anunciada no ano passado, quando um movimento de migração para bolsas internacionais - especialmente a concentração de negócios em Nova York - fez com que 35 empresas anunciassem a determinar de cancelar o registro na Comissão de Valores Mobiliários.
Para os minoritários conseguirem barrar o fechamento na White Martins será necessária a adesão de proprietários de 93 milhões a 117 milhões de ações ordinárias, de um total de 351 milhões nas mãos de acionistas minoritários. A administradora de recursos Pictet Modal já deu entrada nos documentos relativos a mais de 1 milhão de ações e a Investidor Profissional (IP) tem outra leva em andamento. "Ainda há gente ligando e investidores pessoas físicas estão fazendo as procurações por conta própria, por isso podemos chegar a 100 milhões na terça-feira", afirmou a diretora de investimentos da Pictet, Ana Novaes.
Entre os acionistas minoritários, há fundos institucionais e fundos de pensão, como a Funcef, da Caixa Econômica Federal. A IP representa, basicamente, as famílias Martins e Bebianno, fundadoras da White Martins. A diferença no número de procurações necessárias dependerá da base de acionistas minoritários que se manifestarem. A Lei das Sociedades Anônimas determina que é preciso um terço mais uma ação dos minoritários se fizerem representar na decisão.
A Praxair, controladora da White Martins com 76,6% das ações, diz que os números dos minoritários são especulação e quem não quiser vender será bem-vindo como acionista da empresa. O anúncio da oferta de compra dos 23,4% dos minoritários foi feito em dezembro, e se o fechamento de capital for impedido a Praxair tem 45 dias para propor um novo preço de compra.
O preço anunciado, de R$ 1,30 por ação, deixou muitos minoritários insatisfeitos. "A ação já valeu muito mais e o ativo será valorizado", avalia o investidor Luiz Felipe Tavares. Em 1999, o lucro da White Martins cresceu 64%, de R$ 115,4 milhões para R$ 189,2 milhões. Para Tavares, um preço justo varia entre R$ 2 e R$ 2,50 por ação. Ele também questiona o índice de correção do preço, a TR. Com base nela, o preço deve ir para apenas R$ 1,31.
O valor de R$ 1,30, disse recentemente o tesoureiro da Praxair nos Estados Unidos, Jim Sawyer, significa um ágio de 54% sobre o valor médio das ações na bolsa nos três meses anteriores ao anúncio. Mas os minoritários alegam que o mercado de ações vem recuperando este ágio, e as ações da White Martins estão sendo negociadas por R$ 1,29, portanto não haveria quase prêmio na venda.