Ministro vai propor que Sala de Situação seja permanente
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segunda-feira, 03 de janeiro de 2000
Por Gustavo Paul e José Ramos
Brasília, 02 (AE) - A Sala de Situação, montada pelo governo federal no Ministério da Defesa com a participação de técnicos de 17 setores do governo, poderá ser permanente. O ministro do Planejamento, Martus Tavares, deverá propor ao governo a manutenção da estrutura montada para enfrentar o bug do ano 2000. Ele pretende usar o sistema para coordenar outros programas e problemas de nível nacional, como campanhas de vacinação, enchentes e até questões tecnológicas, derivadas por exemplo do bug.
"Queremos fazer uma sala permanente, unindo os setores militar e civil", disse Tavares, que é responsável pela área de Defesa Civil no governo federal. Só a infra-estrutura do Centro de Coordenação Geral (CCG) custou ao governo R$ 850 mil. "Não há porque montar um centro como este para cada nova situação de âmbito nacional que exija coordenação de várias equipes do governo", disse o secretário-adjunto do Programa do Ano 2000, Marcos Osório de Almeida.
Foi a primeira vez que o governo brasileiro reuniu, segundo Almeida, ao mesmo tempo tantos setores diferentes para fazer frente a um problema comum. Embora a área da defesa civil seja subordinada ao Ministério do Planejamento, jamais teve uma estrutura que coordenasse todas as áreas de atividades como a criada para o bug.
O antigo Estado Maior das Forças Armadas (Emfa) possuía uma sala de "gerenciamento de crises", mas não dispunha de uma infra-estrutura tão moderna e abrangente como a montada para enfrentar o bug do ano 2000. O sistema tem como base as comunicações do Exército, mas foram complementadas pelas da Aeronáutica e da Marinha.
O esquema montado no ministério da Defesa reuniu cerca de 40 técnicos das principais áreas de serviços públicos, conectados a outros 156 centros menores espalhados por todo o País, com outras 4 mil pessoas. O objetivo foi tornar disponível ao governo federal os serviços de comunicações militares para que qualquer área estratégica pudesse se comunicar com suas instalações regionais e dar as ordens necessárias para resolver problemas.Os coordenadores consideraram áreas estratégicas aquelas em que eventuais problemas pudessem ter impactos em todo o País, como nas de energia, telefonia, finanças, entre outras.
O porta-voz do Ministério da Defesa, coronel Ronaldo Brito, explicou que isto é possível devido à variedade e à capilaridade do sistema de comunicação militar no Brasil. "Com a estrutura montada para enfrentar o bug, o presidente da República pode falar com o prefeito de qualquer município brasileiro, mesmo com pane nos sistemas normais de comunicação"
exemplificou Brito.
A ligação de Brasília é feita inicialmente com os centros instalados nos sete comandos militares: da Amazônia (com sede em Manaus, e jurisdição sobre AM, PA, RO, AC, RR e AP); do Nordeste (sede em Recife, abrangendo MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE e BA); do Leste (sede no Rio de Janeiro, atingindo ES, MG e RJ); do Sudeste (em São Paulo); do Sul (sede em Porto Alegre, com jurisdição sobre PR, SC e RS); do oeste (sede em Campo Grande, abrangendo MT e MS) e do Planalto (sede em Brasília, abrangendo TO, GO e DF).
Cada Centro de Operações Regionais destes está ligado aos centros locais, que estão presentes em todas as capitais e nas instalações militares no interior dos Estados. Para fazer uma comunicação entra uma pequena cidade e os postos superiores, inclusive o de Brasília, são usados todos os meios de comunicação possíveis - telefone fixos, móveis ou por satélite, telex, fax, intranets, internet, radiofonia, radiotelegrafia, radiamador, entre outros.
O coronel Brito explica ainda que cada centro possui mais de um sistema destes, para que, se um meio de comunicação falhar, exista outro disponível. Todos os centros também dispõem de geradores próprios de energia. Uma mostra da eficiência deste sistema na área de defesa civil, é que nos testes contra o bug foi feita uma simulação de uma inundação em Petrópolis (RJ), e a comunicação alternativa com as autoridades locais foi perfeita.