Brasília - O Ministério da Saúde voltou a recomendar a vacinação de todas as gestantes e puérperas a partir de 18 anos contra Covid-19, independentemente de doenças pré-existentes. A decisão consta de nota técnica enviada a Estados e municípios no fim da tarde desta terça-feira (6), e obtida pela reportagem. A medida, porém, será condicionada à prescrição médica.

Imagem ilustrativa da imagem Ministério da Saúde volta a recomendar vacinação de gestantes e puérperas sem comorbidades
| Foto: Ana Leal/Ofotográfico/Folhapress

Em maio, a pasta restringiu a recomendação de vacinação desse grupo apenas a gestantes com comorbidades, com uso de doses da Pfizer e da Coronavac. Agora, as mesmas vacinas passam a ser recomendadas para as demais gestantes e puérperas nos Estados e municípios que ainda não tinham retomado a oferta de doses ao grupo. A pasta considera como puérperas aquelas com até 45 dias do pós-parto.

Recentemente, porém, diferentes locais já haviam retomado a oferta de doses a grávidas sem comorbidades. Entre aqueles que ainda não tinham adotado a medida e aguardavam nova recomendação da pasta estavam Alagoas, Piauí e Tocantins.

O mesmo ocorria em Boa Vista, onde a prefeitura anunciou na noite desta terça o retorno da vacinação de todas as gestantes, após receber a nota técnica do ministério.

Em outros locais, como São Paulo e Rio de Janeiro, a vacina já era ofertada ao grupo. O mesmo já ocorria em cidades como Brasília, São Luís, Natal, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba e Goiânia.

A decisão da Saúde de suspender temporariamente a oferta das doses para gestantes sem comorbidades e interromper o uso de doses da AstraZeneca nas demais ocorreu após registro de um caso de trombose com trombocitopenia em uma grávida do Rio de Janeiro que recebeu a vacina. A medida foi adotada para que houvesse mais investigações sobre o caso.

Em geral, registros de casos como esses, observados em outros países, têm sido considerados extremamente raros. O caso ocorrido no Rio de Janeiro foi o primeiro em gestantes, segundo a pasta.

Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou que a restrição para oferta de vacinas a grávidas fosse estendida também para a vacina da Janssen, por usar a mesma tecnologia de vetor adenoviral.

A decisão sobre a aplicação apenas de doses da Pfizer e da Coronavac em gestantes foi confirmada na nota técnica desta terça. No documento, a pasta diz que a decisão por voltar a recomendar a vacinação a todas as grávidas e puérperas ocorre após na discussão na câmara técnica que assessora do PNI (Programa Nacional de Imunizações).

"Considerando a avaliação do perfil de risco-benefício da vacinação contra a Covid-19 em gestantes e puérperas até 45 dias do pós-parto, entende-se que neste momento o perfil (...) seja altamente favorável à vacinação", aponta o texto, assinado pela nova secretária de Enfrentamento da Covid, Rosana Melo.

Segundo o ministério, a vacinação "deverá ser condicionada a uma avaliação individualizada, compartilhada entre a gestante e seu médico, do perfil de risco-benefício", com apresentação de prescrição médica.

A nota técnica diz ainda que, na reavaliação dos dados, com exceção do caso ocorrido no Rio de Janeiro, não foram identificados problemas de segurança relativos à vacinação de gestantes.

Estudo preliminar com a vacina da Pfizer em 35 mil gestantes dos EUA também não identificou problemas de segurança na oferta. "Dentro do perfil de risco-benefício, considerando a ocorrência apenas no primeiro semestre de 2021 de 42,7 óbitos por 100 mil gestantes e 455,8 casos de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave] por 100 mil gestantes, entende-se que o benefício da vacinação neste grupo supera os riscos de possíveis eventos relacionados à vacinação", aponta. "Assim, a vacinação de gestantes e puérperas em até 45 dias pós-parto mostra-se altamente favorável neste momento", diz.

Ainda de acordo com o ministério, a vacinação poderá ser feita em "lactantes que pertençam a algum dos grupos prioritários já elencados, no momento da convocação do respectivo grupo, não sendo necessária a interrupção da lactação". A prática da amamentação em si, porém, não será considerada como prioritária para a vacinação, diz a nota.