SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A visita do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a Porto Alegre e Florianópolis entre terça (21) e quarta (22) ilustra o foco atual de preocupação no país com casos graves da Covid-19. As capitais da região Sul e Belo Horizonte estão entre as oito com ocupação de leitos de UTI acima de 80%, segundo levantamento da reportagem feito na segunda (20) e na terça.

Curitiba, um dos primeiros estados a reabrirem comércio e serviços, é agora a capital com maior taxa de ocupação, 92,5%. Apesar de ter passado por 14 dias em lockdown imposto pelo governo estadual, o índice de casos e mortes continua crescendo rapidamente, tanto que nem os 32 novos leitos de UTI criados na última semana, totalizando 324, deram conta da demanda.

No estado do Paraná como um todo, a ocupação passou de 68% para 72%.

Após o lockdown, o prefeito Rafael Greca (DEM) manteve o alerta laranja, de risco médio da pandemia, que proíbe a maior parte dos serviços não essenciais de abrir nos finais de semana. Bares e parques permanecem fechados. Nos dias úteis, no entanto, a maioria dos estabelecimentos segue aberta.

Na terça-feira, Pazuello visitou Porto Alegre, terceira capital com maior ocupação de leitos de UTI, e anunciou a entrega de cem respiradores e um extrator, que amplia a capacidade de testagem RT-PCR, para o estado.

Em 7 de julho, a capital gaúcha tinha 186 pacientes em UTIs. Na última segunda (20), eram 281. No estado, mesmo com o incremento de 48 leitos em uma semana, a ocupação passou de 73,9% para 77,6%.

Florianópolis, por sua vez, declarou "altíssimo risco". São 40 mortes na capital catarinense, que chegou a ficar um mês sem nenhum óbito. O acesso às praias está proibido, exceto para prática de esportes aquáticos.

Já em Belo Horizonte, a taxa de ocupação voltou ao patamar de 91%, mesmo com o aumento de leitos. A capital mineira se manteve no nível de alerta vermelho pela sexta semana seguida.

Desde o fim de maio, quando a prefeitura flexibilizou a quarentena, os casos em Belo Horizonte decuplicaram. A ocupação de leitos e o cenário epidemiológico no estado levaram Kalil a recuar nas medidas, voltando a abrir apenas serviços essenciais --em Minas, apesar da expansão de leitos na rede pública, a taxa de ocupação pouco caiu, passando de 71,4% para 67,2%."‹

O Centro-Oeste também preocupa. Em Mato Grosso, o total de leitos de UTI cresceu na última semana, mas a ocupação ainda é de 86,6%. Em Cuiabá, chegou a 91,6%, e 6 das 11 cidades com leitos de UTI bateram em 100% na segunda.

Goiás, apesar do avanço da doença, apresentou ligeira redução na ocupação em uma semana, de 87,6% para 83,4%, devido à implantação de 23 novas vagas. Mas isso não aliviou o quadro em Goiânia, que alcançou 85,1% de lotação.

Em calamidade pública desde o fim de junho, o Distrito Federal viu a taxa de ocupação subir mais seis pontos e chegar a 75,9% dos leitos, apesar da criação de vagas.

No Nordeste, sobressaem Natal e Aracaju. A capital potiguar, que passou mais de um mês com lotação completa, criou oito vagas e recuou para 84,2 % de ocupação (no estado, a lotação é de 86%). Já Aracaju recuou dois pontos, para 82%.

No Rio, estado e prefeitura estão desativando leitos para a Covid-19. A ocupação de UTIs na rede estadual seguia no patamar de 39% nesta segunda, mesmo com a redução de 420 para 125 leitos disponíveis. A capital registrou a primeira alta em um mês, de 67% para 77%, mas nesta terça (21) já operava com 69%.

Em São Paulo, a preocupação é o interior --a capital registra ocupação inferior a 60%, apesar da migração de pacientes de regiões sobrecarregadas. Como um todo, o estado tem 66,5% de seus leitos de UTI ocupados. Pela primeira vez, o interior do estado ultrapassou a capital em casos acumulados: 170.515 a 167.801.