Brasília - Diante do aumento do número de brasileiros tentando entrar de modo ilegal nos EUA, o governo do México decidiu voltar a exigir visto de entrada de cidadãos do Brasil que queiram entrar no país como visitantes.

Um anteprojeto da determinação foi publicado nesta quinta-feira (14) no site da Comissão de Melhora Regulatória, órgão do governo mexicano. Atualmente, para entrar no México com o objetivo de fazer turismo, os brasileiros precisam apenas apresentar o passaporte.

Depois de um fluxo de migrantes reduzido em 2020 devido à pandemia da Covid-19, a quantidade de brasileiros tentando entrar de forma ilegal nos EUA explodiu neste ano.

Segundo dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), foram mais de 47 mil apreensões entre outubro de 2020 e setembro de 2021. De acordo a Polícia Federal, só em agosto 9.000 pessoas foram presas na travessia do México para os Estados Unidos.

O texto do anteprojeto diz que foi identificado um "aumento substancial" de brasileiros que ingressam no país "com finalidade distinta da permitida" como visitante temporário -ou seja, para turismo ou negócios.

Os brasileiros, assim como muitos imigrantes centro-americanos, costumam voar até o México para, dali, tentar cruzar a fronteira terrestre com os EUA. "Parte dessa situação é refletida nos controles migratórios, com a identificação de pessoas cujo perfil não se ajusta ao de visitante ou de turista genuíno e que apresentam inconsistências na documentação, robustecendo a possibilidade que um número significativo de pessoas que pretendem usar a não exigência de vistos de forma indevida", diz o documento da Secretaria de Governo do México. O documento estabelece que a exigência de visto valerá a partir de 15 dias da publicação da nova norma.

SENADOR

Em argumento contrário à facilitação da imigração para os Estados Unidos, o senador republicano Lindsey Graham afirmou sem provas, em entrevista ao canal Fox News, que dezenas de milhares de brasileiros ricos estão entrando ilegalmente no país pela fronteira com o México.

"Tivemos 40 mil brasileiros vindo somente para o setor [de imigração] de Yuma [na fronteira entre o Arizona e o México], indo para Connecticut, usando roupas de grife e bolsas da Gucci. Isso não é mais uma imigração econômica. As pessoas veem que os Estados Unidos estão abertos e tiram vantagem de nós, e não vai demorar muito para que terroristas sejam vistos nessa multidão", afirmou.

A entrevista ao canal americano conservador foi dada um dia após o Departamento de Segurança Interna dos EUA publicar um memorando com diretrizes sobre o trabalho de imigrantes, em que anuncia, entre outras coisas, que vai o cerco contra "empregadores inescrupulosos" que exploram imigrantes sem documentos. Graham defendeu que a medida será um incentivo para a imigração ilegal.