SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiu entrar em greve nesta terça-feira (28). A decisão foi tomada em assembleia online na noite desta segunda (27).

A paralisação deve afetar as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do Metrô, administradas pelo estado. Os operadores das linhas 4-amarela e 5-lilás não costumam parar.

Com a greve, a expectativa é que as linhas de ônibus da região metropolitana de São Paulo sejam afetadas, com grande aglomeração de passageiros —situação contraindicada por especialistas em meio à pandemia da Covid-19, que requer distanciamento para evitar a disseminação do novo coronavírus.

A Justiça do Trabalho concedeu liminar ao Metrô determinando que haja 95% de funcionamento do serviço no horário de pico, entre as 6h e as 9h e entre as 16h30 e as 19h30. Nos demais horários, deve funcionar 65% da operação em todas as estações.

Além disso, decidiu que "deverão ainda ser observadas, durante o período de greve, as atribuições de cada funcionário, inclusive dos engenheiros, não se admitindo alterações objetivas do contrato."

Caso as determinações sejam descumpridas, o tribunal prevê multa diária de R$ 150 mil para o sindicato e R$ 500 mil para o Metrô.

Os metroviários protestam contra a recusa do Metrô em extender o acordo coletivo da categoria, que expiraria no fim de abril e que previa adicional noturno de 50% (a empresa propõe 20%) e hora extra paga em 100% (a empresa propõe 50%), entre outras garantias.

"São medidas de um acordo construído há 40 anos, que o Metrô se recusa a negociar. Não atendeu nenhuma reivindicação, não dialogou com o sindicato, e a categoria ficou sem alternativa", afirma o coordenador do sindicato, Wagner Fajardo.

Além disso, na última semana, a empresa anunciou um corte de 10% nos salários. "O que estava ruim, ficou pior", diz o sindicalista.

Fajardo afirma que não é possível garantir que a categoria ofereça 95% do serviço no horário de pico. "É muito difícil. A revolta dos trabalhadores é tão grave, é muito pouco provável. Essa medida inviabiliza nossa greve", diz.

Em rede social, o Metrô afirmou que vai acionar seu plano de contingência para minimizar os transtornos à população, e que lamenta a decisão do sindicato.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no começo do mês, o secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, afirmou que a situação financeira do Metrô tinha sido fortemente impactada com a queda na demanda em função da pandemia do novo coronavírus.

A secretaria prevê uma perda de receita de R$ 1 bilhão até o fim do ano. O problema não é só perda de passageiros, mas também o comércio fechado nas estações e as concessões de espaços como os shoppings Metrô Tatuapé, Itaquera e Santa Cruz.

Para economizar, Baldy afirmou que o governo estudava fechar três dos quatro prédios administrativos do Metrô, entre outras medidas.