São Paulo, 07 (AE) - A inflação prevista pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para este ano, entre 6% e 6,5%, fica apertada dentro da meta acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de 6%, com até dois pontos de variação para baixo ou para cima.
Para janeiro, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Heron do Carmo, mantém a previsão de 0,5%, desde que este mês não subam o ônibus urbano em São Paulo nem o governo autorize novo aumento nos combustíveis.
A projeção de 0,5% inclui os reajustes no telefone e nas mensalidades escolares e leva em conta uma alta nos preços nos alimentos in natura, por causa das perdas na produção causadas pela chuva. "Se subirem os combustíveis ou o ônibus urbano, a inflação será bem maior", diz Heron. A primeira prévia de janeiro será divulgada dia 12.
O aumento médio de 8% na conta telefônica deve resultar num impacto de 0,25 ponto porcentual no IPC, mas a inflação de janeiro deve ter apenas 0,10 ponto, já que se estende por dois meses e meio, dependendo do vencimento da conta.
Nas mensalidades escolares, o aumento estimado é de 8%, com impacto de 0,20 ponto porcentual na inflação de janeiro. Os alimentos in natura devem ser responsáveis por mais 0,15 ponto no índice, que já fica em 0,45% considerando apenas esses três fatores. Mas, ao mesmo tempo que alguns preços de produtos industrializados podem ter pequenos aumentos, devem baixar os preços de itens que subiram em dezembro, como carne bovina, frango e combustíveis, se o governo não liberar o aumento.
Na composição do índice de inflação este ano, entre 6% e 6,5%, menos da metade deve ser causada por preços controlados pelo governo, ao contrário de 99. Heron prevê um aumento de 12% nas tarifas públicas e de 10% nos combustíveis ao longo do ano. O conjunto desses preços controlados pelo governo tem um peso de 25% na composição do índice. Se subirem de acordo com o previsto
resultariam numa inflação de 2,5 pontos porcentuais para este ano.
Os outros 75% que compõem o índice são preços competitivos e devem ter um comportamento de mercado, com uma variação entre 3 e 4 pontos porcentuais no acumulado do ano. Esses cálculos consideram o aumento de preço no telefone fixo, que será cobrado pela Telefônica nas ligações feitas a partir de 29 de dezembro, mas não inclui o reajuste retroativo entre junho e dezembro do ano passado, reivindicado na Justiça pela empresa. "Não dá para colocar essa diferença no índice porque é como se fosse uma dívida, não um reajuste na tarifa", diz Heron.
É justamente a parte da inflação que é controlada pelo governo, por meio de contratos de concessão ou autorização para aumentos, que mais preocupa na previsão para o índice de inflação deste ano. "Eles não dependem da lógica de mercado, mas do que o governo decidir", diz Heron. Os preços competitivos, segundo ele, devem ter um comportamento dentro do previsto este ano, com pouca pressção para aumentos.