São Paulo, 09 (AE) - Para alguns dos vereadores ouvidos hoje pela reportagem, o rombo bilionário que os precatórios causaram na cidade não justifica a abertura do processo de impeachment contra o prefeito Celso Pitta (PTN), como sugere o pedido da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP). Todos os parlamentares consultados, porém, admitem que a dificuldade de governar a cidade com essa dívida será grande daqui para frente.
"Não precisamos mais analisar precatórios", disse o vereador José Amorim (PTB). Para ele, essa discussão já se esgotou porque não envolve apenas a Prefeitura de São Paulo. "Teríamos de cassar outros prefeitos e governadores". O vereador Jooji Hato (PMDB) tem a mesma opinião. "Por que só Pitta?" Ele sugere que a questão seja analisada e a conduta sobre o assunto, estendida para todos os casos de precatórios.
Para Luís Paschoal (PL), há outro motivo para esquecer o impeachment. "Essa é uma dívida feita por um outro prefeito", disse, referindo-se a Paulo Maluf (PPB). Nem a lembrança do fato de Pitta ter sido o secretário das Finanças do ex-prefeito e o responsável pelas operações com os precatórios faz Paschoal mudar de idéia. "Era outro prefeito". Esses parlamentares, porém, admitem que o rombo de R$ 7 bilhões vai dificultar muito a administração da cidade para o próximo prefeito. "Será preciso buscar governabilidade", afirmou Amorim. "Essa situação vai exigir propostas inteligentes, talvez até a moratória", disse Hato.
Na oposição, a maior preocupação é com as dificuldades que a dívida trará para a próxima gestão. "Se a Prefeitura pagar a dívida, a cidade ficará sem nenhum investimento", disse o vereador Devanir Ribeiro (PT). "Não diria que São Paulo vai ficar ingovernável, mas vai ser difícil". O parlamentar ressaltou, entretanto, que o rombo é de conhecimento da Câmara. O vereador Aurélio Nomura (PSDB) afirmou que, embora a dívida fosse de conhecimento dos parlamentares, ele, particularmente, não sabia que o volume de dinheiro era tão grande. "Nem precisava ser", disse. "A emissão já justificaria o impeachment". Aldaiza Sposati (PT) tem a mesma opinião.
A carta da OAB, assinada pelo presidente da entidade, Rubens Approbato Machado, e outros três conselheiros pede o impeachment do prefeito alegando que ele violou pelo menos 26 vezes alguma lei. O vereador Carmino Pepe (PL) disse hoje que vai apresentar um relatório ressaltando sete itens que considerou mais importantes no documento. (Colaborou Ricardo Mendonça, especial para a AE).