Brasília, 30 (AE) - As medidas anunciadas pelo governo em novembro do ano passado para o desenvolvimento do mercado secundário de títulos públicos começaram a surtir efeito. Depois de quatro meses de anunciado o pacote de 21 medidas, as operações diárias com títulos públicos no mercado secundário realizadas em fevereiro apresentaram um crescimento de 43,3% em relação a janeiro.
De acordo com números divulgados hoje pelo Banco Central e Tesouro Nacional, o volume médio diário das operações definitivas no mercado secundário saltou de R$ 4,96 bilhões em janeiro para R$ 7,12 bilhões em fevereiro. Nos meses anteriores, de outubro a dezembro, o volume de operações oscilava em torno de R$ 5 bilhões e R$ 5,7 bilhões.
Segundo o coordenador de dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, o aumento de liquidez no mercado secundário favorece a colocação de papéis pelo Tesouro no mercado primário, reduzindo o custo de financiamento da dívida pública. "Esse foi o primeiro sinal de um aumento significativo de liquidez no mercado secundário", disse Valle.
Do volume de R$ 7,12 bilhões negociados em fevereiro, R$ 3,6 bilhões foram de Letras do Tesouro Nacional (LTN), papéis prefixados. A participação de LTN no total do volume negociado no mercado secundário também aumentou, passando de 35% em janeiro para 51% em fevereiro. O consultor da diretoria de Política Monetária do Banco Central, Sérgio Goldenstein, atribuiu esse aumento de liquidez dos títulos prefixados no mercado secundário à concentração de vencimentos que está sendo feita pelo sistema de reoferta. Já as negociações com Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papéis pós-fixados, movimentaram R$ 1,8 bilhão em fevereiro.
O Tesouro Nacional e o Banco Central fizeram, em fevereiro, uma emissão líquida de títulos de R$ 860 milhões. Foram resgatados no período R$ 34,993 bilhões e emitidos R$ 35 853 bilhões em títulos.
Seguindo a estratégia de substituir papéis pós-fixados por prefixados, foi feita uma emissão líquida de R$ 3,8 bilhões em títulos com rentabilidade prefixada. Em compensação foram resgatados R$ 1,5 bilhão em títulos remunerados pela Selic.
As instituições financeiras nacionais foram as maiores compradoras, em fevereiro, de LTN com prazo de um ano. Essas instituições compraram 56% do volume de LTN de 12 meses emitido no mês. Em janeiro, foram as instituições estrangeiras as maiores compradoras desse papel.
A dívida pública federal interna fechou em fevereiro com um estoque total de R$ 456,863 bilhões. A participação de papéis prefixados no total da dívida ficou em 10,35%, com um volume de R$ R$ 47,29 bilhões.
Os papéis corrigidos pela Selic tiveram uma participação de 56,64%, com volume de R$ 258,75 bilhões. Já a participação dos papéis corrigidos pelo câmbio ficou em 21,57%, totalizando R$ 98,57 bilhões.
O prazo médio dos títulos do Tesouro Nacional e do Banco Central emitidos por oferta pública, em leilões, subiu para 9,35 meses em fevereiro. Em janeiro, o prazo médio era de 8,67 meses. Segundo o coordenador de administração da dívida pública, essa elevação se deve à substituição das emissões de LTN de três meses pelas LTN de seis meses e pela retomada das ofertas de papéis de 12 meses. Também contribuiu para o aumento do prazo médio o alongamento dos prazos de vencimento das LFT. O prazo médio de toda a dívida pública federal ficou em 26,58 meses no mês.
Reserva - A reserva de caixa do Tesouro Nacional está hoje em R$ 50 bilhões. Esse volume garante ao Tesouro Nacional ficar aproximadamente um mês sem ter que realizar leilões para rolar a sua dívida. Segundo Paulo Valle, essa reserva de caixa é mantida pelo Tesouro Nacional para enfrentar eventualidades durante os momentos de crise econômica.
"É uma segurança", afirmou o coordenador de dívida pública. Desde maio do ano passado o Tesouro Nacional mantém essa reserva. O dinheiro da reserva é aplicado em títulos de responsabilidade do Tesouro Nacional em poder do Banco Central.