Mercado mantém cautela apesar da alta das bolsas
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 05 de janeiro de 2000
Por Cleide Sánchez Rodríguez e Priscilla Murphy
São Paulo, 05 (AE) - As bolsas de valores seguiram hoje o caminho oposto ao de terça-feira e fecharam com acentuada alta
mais uma vez lideradas pelo movimento de Nova York. Em meio a forte oscilação dos preços das ações - fato que reflete as incertezas do momento -, a bolsa paulista chegou a subir 2,85% no dia, depois de ter registrado queda de até 3,17%, e fechou o pregão com alta de 2,48% em relação à véspera.
O volume de negócios foi surpreendente; somou mais de R$ 1 bilhão. O movimento de hoje acompanhou o vigor da Bolsa de Nova York, que fechou em alta de 1,13%, depois de um pregão de grande volatilidade.
O resultado de hoje contrasta ainda mais com os números de fechamento de terça-feira, quando as bolsas de todo o mundo despencaram, também lideradas por Nova York, que perdeu 3,17%. São Paulo registrou a maior queda desde janeiro do ano passado, mês em que o País adotou o câmbio flutuante.
A alta de hoje, entretanto, não muda as avaliações de executivos financeiros para as bolsas de valores no curtíssimo e médio prazos. A situação exige cautela. "É um engano achar que as perspectivas melhoraram de uma hora para outra", afirmou o diretor de Renda Variável da BankBoston Asset Management, Julio Ziegelmann.
Segundo ele, a perspectiva de alta para as taxas de juros dos EUA se mantém; isso é um fato. E uma alta acentuada afetaria o resultado das empresas, cujos papéis já estão supervalorizados. Na prática, o que existe é o receio de que possa ocorrer a qualquer momento a correção mais forte das ações
fato que tem dividido a opinião de muitos economistas.
Para João Luiz Máscolo, sócio da Síntese Administradora de Recursos, o mercado hoje pôs a cabeça no lugar e vai levar algum tempo até assimilar o novo cenário depois da expressiva alta do fim do ano passado.
"As bolsas funcionam dessa forma: decolam na vertical e fazem aterrizagem forçada." A oscilação de preços verificada hoje deve permanecer por mais alguns pregões e depois, na sua opinião, a bolsa deve ficar sem tendência muito definida durante algum tempo.
Para Máscolo, o cenário básico não mudou. As bolsas mantêm a tendência de alta para o ano, mas o executivo não prevê quando deve voltar o novo período de valorização. Ziegelmann concorda, desde que o cenário de correção mais forte na bolsa americana não se confirme.