São Paulo, 31 (AE) - Representantes das principais entidades do mercado imobiliário e do setor de construção civil reagiram com cautela à decisão anunciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), ampliando os recursos disponíveis e os limites de financiamento pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Na avaliação de agentes financeiros, entretanto, as medidas foram bastante positivas. Para Roberto Capuano, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), as medidas são benvindas porque ampliam os recursos disponíveis e sinalizam a possibilidade de ativar o mercado no futuro. No entanto, ressalta, o alcance das medidas é bastante limitado.
Segundo dados do Creci, 95% dos inquilinos em São Paulo, por exemplo, não têm condições de pagar aluguel superior a R$ 1.000,00. De fato, disse, a grande maioria desses potenciais compradores tem capacidade de pagamento entre R$ 300 e R$ 600 mensais. Segundo cálculos do presidente do Creci, apenas entre 2% e 3% da população poderiam arcar com um financiamento de R$ 150 mil pelo SFH, pagando prestação acima de R$ 2 mil. "Não acredito que as medidas aqueçam o mercado. Elas só beneficiam quem tem rendimento entre R$ 8 mil e R$ 10 mil", afirmou Capuano.
Mas na avaliação de Humberto Martins, gerente de crédito imobiliário do BankBoston, detentor de uma das maiores carteiras hipotecárias do País, o impacto das medidas será bastante positivo. Agora, explica, os bancos poderão atender, com recursos destinados ao SFH, uma demanda reprimida por imóveis de valor superior a R$ 180 mil, limite então determinado para financiamento pelo SFH.