São Paulo, 20 (AE) - Dezessete internos - todos com 18 anos de idade - do Complexo Tatuapé da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) foram presos na madrugada de hoje em flagrante por tentativa de homicídio, formação de quadrilha e dano qualificado, pela delegada Cristiane Camargo Braga, do 81.º Distrito Policial. Os jovens participaram da rebelião nas unidades do chamado "circuito grave" da Febem Tatuapé e do espancamento e das ameaças de morte de quatro monitores.
A delegada apreendeu oito "naifas" (espécie de estilete) e duas lâminas inox, com as pontas afiadas. "A minha orientação é de que qualquer interno com 18 anos ou mais que cometa uma infração dentro de suas unidades seja indiciado criminalmente e responda pelos seus atos perante à Justiça", disse o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social do Estado, Edson Ortega. Os 17 adolescentes se encontram nas celas do 81.º DP, mas nos próximos dias devem ser transferidos para outros distritos policiais. Eles estavam na Febem por terem cometido infrações antes dos 18 anos.
De acordo com o secretário, a rebelião ocorreu em consequência da transferência dos internos que estavam nos Cadeiões de Pinheiros e de Santo André e no Centro de Observação Criminológica, (COC) no Complexo do Carandiru. "A chegada desses internos reavivou velhas rixas entre grupos, ocasionando a revolta."
O diretor da Unidade Educacional (UE) 4, Elson Percídio Silvério, e outras seis testemunhas em depoimento a delegada Cristiane disseram que a rebelião começou com um "levante na Unidade de Referência Terapêutica, no anexo a UE-12, obtendo adeptos na UE-13, com todos se aglomerando na UE-4, onde tomaram os funcionários como reféns, mantendo-os sob cárcere por uma hora e meia".
O agente educacional Fábio Amaral Graeber, de 33 anos, e o coordenador João Luís Pinto, de 48 anos, foram levados para o telhado, onde "foram submetidos à ameaça de morte, com os internos ferindo-os com golpes de estiletes".
Para Silvério, "os mentores intelectuais" da rebelião foram os internos Carlos Alberto Bindas e Alexandre Natividade Barbosa
ambos maiores de idade. "Muitos foram forçados a integrar o motim."
Ortega informou que durante o conflito seis menores ficaram feridos, sendo que um deles teve a perna quebrada. Os demais sofreram escoriações. Eles foram atendidos no pronto-socorro da região e, em seguida, liberados. Dois policiais militares foram feridos por pedradas e quatro funcionários foram agredidos.
A intensidade da rebelião foi considerada "média" pelo secretário. Ele explicou que no Complexo Tatuapé existem 1.100 internos. Desses, 295 estão internados no circuito grave, nas unidades 1, 4, 12, 13 e 14, onde ficam os reincidentes com maior agressividade. "Mas apenas 80 participaram da rebelião, sendo que metade foi obrigada pelos mais agressivos."
Ortega informou que os maiores danos materiais foram verificados no telhado, com a destruição de dezenas de telhas de amianto. "Eles queimaram apenas um colchão". Algumas vidraças foram quebradas. Segundo ele, quatro menores fugiram, mas foram recapturados.