Um garoto de 12 anos que estava internado havia duas semanas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HCL (Hospital do Coração de Londrina) morreu na noite desta segunda-feira (22). Uma das suspeitas é que ele tenha sido vítima da Síndrome de Baggio-Yoshinari, transmitida pelo carrapato estrela. De acordo com a assessoria de imprensa do HCL, o diagnóstico definitivo depende da conclusão de exames que estão sendo realizados pelo Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). A previsão é que os laudos sejam divulgados nesta sexta (26).

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O menino deu entrada no HCL no dia 9 de maio, após passar mal na escola com crises convulsivas. Ele tinha contato com um cachorro que estava em tratamento por outra doença transmitida por carrapatos. O corpo do garoto foi sepultado no fim da tarde desta quarta (23) no Cemitério Parque das Allamandas, na zona oeste de Londrina.

Outros dois casos da doença foram notificados na região. Um deles, confirmado, é o de uma mulher, moradora de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) que deu entrada no início do mês no HCL com quadro grave de saúde. Segundo os médicos que atenderam a paciente, a doença evoluiu até causar insuficiência respiratória. Ela, porém, recuperou-se bem e deixou o hospital com dificuldades nos movimentos, que poderão ser recuperados com trabalho de reabilitação.

Já a outra paciente - ainda tratado como caso suspeito - é uma veterinária de 37 anos que já teve alta e passa bem. Ela aguarda o resultado dos exames para se certificar de que foi acometida pela síndrome, popularmente conhecida como Doença de Lyme Brasileira. De acordo com a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde), nove casos da doença foram registrados no Paraná em 2016.

A diretora do Centro de Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Belmonte, explica que a Doença de Lyme tem um diagnóstico muito difícil. "Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças. É preciso aguardar os exames para poder afirmar qualquer coisa", disse, referindo-se ao caso do garoto de Londrina.

Ivana recomenda cuidados com as atividades ao ar livre. "Quem gosta de camping, jardinagem ou mesmo trabalha no campo, deve ter o cuidado de verificar se não tem nenhum carrapato no corpo durante o banho", orienta. "Os carrapatos costumam se alojar nas dobras do corpo, por isso é importante dar atenção à orelha, umbigo, na região atrás dos joelhos, axilas."

A veterinária Juliana Galhardo, professora do Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), orienta também cuidados com os animais de estimação. "Quando se aparece uma notícia dessa, muitas pessoas chegam a cogitar abandonar os animais. Um absurdo. O necessário é o controle dos carrapatos."

Além de eliminar os carrapatos dos animais, a veterinária recomenda o cuidado com o ambiente. "Os carrapatos não se alojam apenas nos animais, eles permanecem nos ambientes à espera de um hospedeiro. Por isso é importante a limpeza da casa", acrescenta. Graduada na UEL (Universidade Estadual de Londrina), Juliana defende mais atenção à doença. "Tecnicamente, essa é uma doença rara, mas com mais notificações, pode ser que tenhamos algo como um iceberg, com poucos casos visíveis. É uma doença negligenciada que precisa ser mais pesquisada", defende.