Menino de 9 anos invade clínica veterinária e esquarteja animais
Ato, que foi registrado por câmeras de segurança, ocorreu em Nova Fátima
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terça-feira, 15 de outubro de 2024
Ato, que foi registrado por câmeras de segurança, ocorreu em Nova Fátima
Bruno Souza - Especial para a FOLHA
Um menino de 9 anos invadiu uma clínica veterinária e matou pelo menos 15 coelhos neste domingo (13) em Nova Fátima (Norte). De acordo com informações do tenente Miyasaki, da PM (Polícia Militar), a criança morava com a avó e "fugiu" para cometer o crime.
Segundo o BO (Boletim de Ocorrência), a proprietária da clínica veterinária solicitou a presença da PM no espaço porque viu pelas câmeras de monitoramento uma pessoa mexendo com os animais. No local, os agentes constataram o caso.
Pouco tempo depois, a mesma mulher fez uma segunda chamada aos policiais informando que tinha encontrado o menino que seria o autor do ato. "Ela pediu para que a equipe o acompanhasse, mesmo sabendo que era uma criança, para conversar com o responsável", relatou o tenente.
O assunto foi repassado à Polícia Civil para abertura de inquérito e, segundo o tenente, pode haver responsabilização dos tutores. "Após o andamento do caso, a Justiça pode decretar algum tipo de pena, mas dificilmente alguma reclusão. Pode ser estipulada alguma espécie de pagamento de multa ou cumprimento de serviço social", explicou Miyasaki.
A reportagem procurou o Conselho Tutelar de Nova Fátima. O órgão informou que todas as medidas com relação ao tratamento psicológico do menino já foram tomadas.
O massacre aos animais praticado por uma criança de 9 anos neste domingo (13) em Nova Fátima (Norte) pode ser um pedido de socorro, segundo a psicóloga e professora da Unicesumar Bruna Milhorini.
O menino, de acordo com a PM (Polícia Militar), matou e esquartejou pelo menos 15 animais de uma clínica veterinária. Ele, após ser questionado, confessou a ação à avó. A psicóloga ressalta que a criança, por meio da atitude, pode estar querendo comunicar algo aos responsáveis.
"O fato de ela ter matado os animais, esquartejado e os colocado em situação de sofrimento é um sintoma de que ela não está bem. Quando a criança tem um comportamento disfuncional, a gente fala que é como se fosse um pedido de ajuda para que os adultos olhem para ela", explica a profissional.
Por mais que a sociedade tenha ficado revoltada com a atitude do menino, Milhourini deixa claro que o massacre não pode ser classificado como um crime ou até mesmo um ato psicopático. Porém, há indícios que expressam a necessidade de um tratamento psicológico imediato.
"Quando há esse comportamento violento, pode ser indício de uma situação que provocou muita angústia e sofrimento emocional e que esse sofrimento não foi acolhido. A criança que não tem a oportunidade de entender por que ela sofreu passa a se expressar por meio de ações desajustadas e disfuncionais."
Mlihourini pondera que o menino que matou os animais em Nova Fátima não pode ser considerado um psicopata. Esse termo foi direcionado a ele por internautas de maneira errônea, segundo a psicóloga.
"O diagnóstico só pode ser dado depois de uma série de avaliações com médicos, psicólogos e outros profissionais. Entretanto, ao analisar alguns crimes, é possível classificar certas ações como traços de psicopatia e frieza emocional."
Ela ainda ressalta que antes dos 18 anos de idade não é possível fechar um diagnóstico de psicopatia, somente um diagnóstico de transtorno de conduta, em que se percebe algo desajustado que precisa ser tratado. "Isso acontece porque o diagnóstico de psicopatia é muito sério e fácil [de ser dado] para a sociedade. Isso atrai um estigma muito cedo e a criança acaba não sendo cuidada", destaca.
A professora da Unicesumar afirma que psicopatia não é considerada uma doença e, por isso, não tem cura. "É um transtorno de personalidade, um jeito de ser. Quando falamos sobre transtorno de personalidade psicopático, não existe cura. A ciência até hoje não trabalha com a cura para esse tipo de transtorno", explica.
Durante a infância, entretanto, alguns cuidados podem ser tomados para prevenir o transtorno ou até mesmo atrasar o diagnóstico o máximo possível. A atenção da família é de extrema importância em casos como esse.
"Quando a família presenciar casos assim, deve procurar ajuda psicológica. Na avaliação, a família deve participar junto. Na psicoterapia, os familiares serão direcionados sobre os tratamentos e como proceder. É necessário ficar atento."