Médico denuncia 25 mortes de bebês no Pará
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sexta-feira, 14 de junho de 2013
Carlos Mendes<br>Agência Estado
Belém - O presidente do Sindicato dos Médicos do Pará, João Gouveia, pediu ontem ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Ministério Público Federal (MPF) que investiguem a denúncia por ele recebida de que 25 recém-nascidos morreram nos primeiros 12 dias deste mês na UTI Neonatal da Santa Casa de Misericórdia do Pará. A média chega a duas mortes por dia.
Segundo Gouveia, a principal causa das mortes seria o alto índice de infecção hospitalar no local, que recebe grande demanda de grávidas, a maioria adolescentes, oriundas do interior do Estado. "A situação é muito grave, mas o pior é que já vínhamos alertando a direção da Santa Casa para esse problema, mas até agora nada foi feito", disse o médico.
Ele exibiu a ata de uma assembleia geral dos médicos realizada no dia 17 de abril, que contou com a presença de pediatras e obstetras do hospital, em que as precárias condições de trabalho da categoria e o risco de morte por infecções foram debatidas. Para Gouveia, o problema se agrava na Santa Casa também pelo fato de outras maternidades não estarem funcionando como deveriam, embora seja prerrogativa do governo estadual fazer com que elas funcionem. Em julho de 2011, 63 bebês morreram na UTI Neonatal.
O secretário estadual da Saúde, Helio Franco, confirmou as mortes, mas negou que a causa tenha sido infecção hospitalar. Ao lado dele, diretoras do hospital informaram que os bebês eram prematuros, a maioria com peso abaixo de 1,2 Kg. "Não há aumento de infecção hospitalar na Santa Casa. A taxa diminuiu", afirmou a diretora Cintia Pires. Números do hospital apontam que a taxa de mortalidade institucional, comparada aos cinco primeiros meses do ano passado, é praticamente a mesma: em 2012 foi de 3,1% e 2013, 3,2%.
Quanto às causas, estariam relacionadas à síndrome genética, cardiopatia, gastroquise (intestino exposto), além da prematuridade extrema dos recém-nascidos e do baixo peso. As mortes também ocorreram, na versão da diretora, pelo fato de a maioria das mulheres serem adolescentes e não terem feito todo o pré-natal. Por fim, declarou que alguns recém-nascidos que morreram chegaram a hospital em estado gravíssimo e sem acompanhamento médico. De acordo com Hélio Franco, a infecção matou três dos 25 bebês.