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. | Foto: Pixabay

Uma nova ordem de prisão, expedida pelo juízo criminal da comarca de Abadiânia (GO), foi cumprida contra o médico ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, 41. Ele respondia em liberdade denúncias por importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. O novo inquérito está relacionado a três vítimas daquele município.

A prisão ocorreu na manhã desta sexta-feira (8), no apartamento dele, em Anápolis (GO), no dia seguinte ao apelo da promotora Camila Fernandes Mendonça, do MPGO (Ministério Público de Goiás), que havia pedido na quinta-feira (7) que o Poder Judiciário tenha "sensibilidade ao olhar para as vítimas do médico". Mais de 50 mulheres já formalizaram denúncia contra o médico na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Anápolis.

Em depoimento ao delegado Rosivaldo Linhares, titular desse inquérito em Abadiânia, Morais se recusou a falar. “O fato de ele permanecer em silêncio não prejudica as investigações. A nova prisão foi motivada por novos casos, em Abadiânia”, explicou o delegado, que descartou a possibilidade de que Morais seja libertado novamente na audiência de custódia.

O ginecologista estava respondendo às denúncias em liberdade mediante o uso de tornozeleira eletrônica. Para Linhares, se o médico permanecesse solto, poderia colocar em risco as investigações. O delegado afirmou ainda que a nova prisão pode incentivar que vítimas voltem a denunciá-lo.

Morais estava solto desde segunda-feira (4), quando o juiz Adriano Linhares, da 2ª Vara Criminal de Anápolis, decidiu que ele poderia responder em liberdade às acusações de fraude sexual. Naquele momento, ele estava no Centro de Inserção Social Monsenhor Luiz Ilc, a cadeia pública de Anápolis. Em setembro ele foi preso durante a deflagração da Operação Sex Fraud, da Deam de Anápolis.

Quando o ginecologista foi solto depois da primeira prisão preventiva decretada, a delegada Isabella Joy Lima e Silva, da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Anápolis (GO), relatou que houve um arrefecimento das denúncias. “A nova prisão dele foi uma grande vitória, porque a soltura dele desmotivou vítimas a virem depor. Acredito que a nova prisão ajuda elas a terem coragem”, destacou a delegada.

Morais possui registros de médico em Goiás, no Paraná, no Pará e no Distrito Federal. Na passagem pelo Paraná, ele trabalhou no Hospital Municipal de Porecatu, onde uma pessoa chegou a se queixar do comportamento do médico e registrou boletim de ocorrência, mas em entrevista à FOLHA relatou que foi descredibilizada porque o médico possuía "relacionamento forte com as autoridades locais".

A delegada Isabella Joy Lima e Silva, de Anápolis, expôs que as pessoas que fizeram as denúncias de abuso sexual tinham em média entre 20 e 30 anos e tinham como característica serem muito bonitas, mas uma delas tinha 12 anos na época do abuso. Segundo as investigações, ele praticava atos libidinosos nas pacientes durante consultas ou exames. O médico é acusado de fazer perguntas inapropriadas nas consultas e, quando ia fazer o toque ou exame transvaginal, acabava manipulando e até fazendo penetração com os dedos em vez do toque típico do exame ginecológico. “Ele acabava pegando nas partes íntimas da vítima e fazia com que as vítimas pegassem nas partes íntimas dele também”, explicou a delegada.

A reportagem entrou em contato com o advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins, que defende o médico Nicodemos Morais. Ele afirmou que o pedido de revogação da prisão ainda não foi analisado. A defesa pediu a revogação da prisão preventiva, mas o juiz preferiu tomar essa decisão após a anexação do inquérito policial da comarca de Anápolis. "Ele deu prazo de 48 horas para a autoridade policial juntar esse documento."

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