Curitiba - O Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) fez ontem em Curitiba uma operação para investigar mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, o segundo maior da capital. Durante a ação, a chefe do setor de UTI da instituição, Virgínia Soares de Souza Marcelino, foi detida preventivamente. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão para recolhimento de documentos. Ela é suspeita da prática de eutanásia, que é a indução à morte com consentimento do paciente, além de maus-tratos aos internados.
"As medidas adotadas estão respaldadas em lei e todas as providências necessárias visando a segurança e saúde da população serão tomadas", afirmou a delegada do Nucrisa, Paula Brisola, em nota oficial divulgada pela assessoria da Polícia Civil. A corporação também não repassou informações sobre a quantidade de mortes e em que circunstâncias elas teriam ocorrido. As investigações foram iniciadas há um ano.
O advogado da suspeita, Elias Mattar Assad, informou que está analisando o inquérito e deve entrar com um pedido de revogação da prisão nos próximos dias. "Ela alega inocência. É médica do Evangélico desde 1988 e nunca teve nenhuma acusação, é uma pessoa de bem. A ação do Nucrisa foi precipitada e ocorreram equívocos de companheiros de trabalho que fizeram as denúncias", afirmou. A médica foi encaminhada para o Centro de Triagem da Penitenciária de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
Posicionamentos
Em nota, a direção do hospital informou que não tem "conhecimento dos fatos para emitir qualquer posição, mas reconhece a competência profissional da médica e desconhece qualquer ato técnico da mesma que tenha ferido a ética médica". Uma comissão de sindicância interna foi criada para apurar as denúncias
A Secretaria Municipal de Saúde também abriu sindicância para apurar o episódio. A investigação será conduzida pelo auditor do Ministério da Saúde (MS) Mário Lobato da Costa. A secretaria também solicitou à diretoria a substituição da equipe de UTI Geral até a conclusão das investigações.
O secretário de Saúde de Curitiba, Adriano Massuda, comunicou a situação ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e ao secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, para acompanhamento do caso. O Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, também está acompanhando as investigações.