Na tarde desta sexta-feira (21), o londrinense reforçou a roupa de frio
Na tarde desta sexta-feira (21), o londrinense reforçou a roupa de frio | Foto: Gustavo Carneiro

Acostumado com temperaturas mais amenas e até o calor, o londrinense teve que reforçar a roupa de frio na sexta-feira (21). Desde o início da semana a temperatura vem caindo na cidade e na região Norte do Estado. A mínima deverá chegar a 6ºC no sábado (22) e 8ºC no domingo. A justificativa é uma massa de ar polar de intensidade forte, que atingiu todo o Sul do País e vem chamando atenção pelos fenômenos climáticos que está provocando.

Apesar da temperatura baixa, o dia mais frio de Londrina no ano foi registrado em dois de julho, quando os termômetros caíram a 5.1ºC. “É uma forte massa polar que vem do extremo Sul. É uma passagem rápida e com frio mais intenso neste fim de semana”, explicou Heverly Moraes, agrometeorologista do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). A partir da semana que vem, o tempo deve mudar, com aumento das máximas.

Faltando um mês para acabar o inverno, a especialista alerta que o frio mais acentuado pode voltar a acontecer antes final da estação. “Ainda existe o risco de entrada de outras massas polares até o início de setembro. Tivemos alguns episódios ao longo deste ano. Enquanto não passar o primeiro decêndio de setembro tem essa possibilidade.” Na quinta-feira (20), a máxima foi de 14.1ºC, sendo a menor de 2020 até agora.

AGASALHO

Mesmo com o vento gelado do Calçadão, a dona de casa Valquíria Pires decidiu ir comprar roupas mais reforçadas para encarar este tempo. “Os agasalhos que tenho em casa são antigos. Então, aproveitei o frio para renovar algumas peças”, brincou, munida de um cachecol.

Para o verdureiro Agenor Pinheiro, trabalhar com as mínimas bem abaixo do padrão como companhia já não assusta mais. “Acordo de madrugada para ir à Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná) há tantos anos que acostumei. Mas tem dia que a vontade é de ficar na cama e embaixo das cobertas”, confidenciou.

CHUVA

Os últimos dias foram marcados pela chuva, que deu fim a um longo período de estiagem. Em sete dias choveu 167 milímetros, o triplo da média história de agosto, de 54 milímetros. Todo esse volume de água refletiu na agricultura. “Prejudicou hortaliças. Foram chuvas intensas, com vento. Atrapalhou quem estava colhendo, no ponto de colheita. Alguns agricultores relataram mais doenças no trigo, devido ao excesso de chuva e o solo úmido”, afirmou Heverly Moraes.

Com exceção de agosto e junho, o ano tem sido seco, seguindo o padrão de 2019. No ano passado eram esperados 1.631 milímetros de chuva, entretanto, a quantidade ficou em 1.300. Já no último mês de julho, os dados apontam um acumulado de oito milímetros na cidade, sendo a média histórica de 77. Não deve chover nos próximos dias.

A onda de frio gerou fatos curiosos, como neve em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Paraná o fenômeno não se confirmou em meio à expectativa. Em Palmas (Sul), a mínima foi de –3.4 graus, onde geou. O ar gelado continua em todas as cidades do Estado, com frio mais intenso nas regiões Oeste, Sudoeste e Centro-Sul. Para o Norte não existe previsão de geadas.

“É muito difícil ter neve no Paraná, pois, estamos numa área de transição e zona tropical. Onde nevou no Brasil foi na serra e não em lugares mais baixos, porque o País não tem condição para isso. É um fenômeno que precisa da combinação de latitude elevada e também altitude maior, o que não temos”, esclareceu a agrometeorologista.

A neve chegou em São Francisco de Paula, Gramado, Pinheiro Machado, Riozinho, São José dos Ausentes, Cambará do Sul e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul; e em Bom Jardim da Serra e São Joaquim, em Santa Catarina.

Na cidade de Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, a temperatura chegou a  -6º  e a neve fez belas paisagens
Na cidade de Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, a temperatura chegou a -6º e a neve fez belas paisagens | Foto: Felipe Carneiro/iShoot/Folhapress

O fenômeno preocupa autoridades que pedem que turistas sem reservas não visitem os locais. Pode haver risco de acidentes com eventual gelo em estradas sinuosas e de aglomeração de visitantes (e, portanto, de maior contágio de coronavírus).Além disso, os pontos turísticos em áreas públicas estão fechados por causa do novo coronavírus. É o caso do Morro da Antena, em Urupema, e do Mirante da Serra do Rio do Rastro, em Lauro Muller.