São Paulo, 29 (AE) - Em um depoimento que durou quase seis horas, a vereadora Maria Helena (suspensa do PL) atacou várias testemunhas do processo que investiga as acusações contra ela, na Câmara Municipal. Afirmando ser vítima de uma injustiça, a parlamentar negou todas as acusações que estão sendo analisadas pela comissão processante.
O depoimento começou às 9h30 e só terminou minutos antes da sessão plenária, às 15 horas. Antes das perguntas, ela rebateu por quase três horas todas as acusações e apresentou sua versão para episódios como a tentativa de extorsão de dinheiro contra o vereador Salim Curiati Júnior (PPB) e a suspeita de reter parte dos salários de seus funcionários, na Câmara Municipal.
"Trata-se de uma montagem muito grande e surgirão novas provas a meu favor, no decorrer do processo", disse a parlamentar antes de ser sabatinada pelos membros da comissão. O alvo predileto de Maria Helena foi Curiati. Em agosto do ano passado, Curiati foi vítima de uma tentativa de extorsão de dinheiro. O estelionatário Fabiano Leite de Sá Lima tentou vender uma fita em que duas ex-funcionárias da Câmara estariam planejando um atentado contra ele. Na polícia, Leite afirmou que tentou vender a fita para Curiati por determinação de Maria Helena, e que os dois teriam tido um relacionamento amoroso.
Hoje Maria Helena afirmou que em dezembro do ano passado entregou uma fita à Corregedoria da Polícia Civil. Na fita, Leite teria afirmado que foi pressionado por delegados e promotores que investigaram a máfia dos fiscais para prestar um depoimento que comprometesse a parlamentar.
Na conversa, gravada horas antes por um advogado de Maria Helena, Leite também teria afirmado que prestaria um novo depoimento "para contar a verdade", desde que recebesse R$ 1.500,00.
Hoje a vereadora e seu advogado, Laerte Torrens, não souberam informar onde a fita está no momento. O advogado apresentou cópia de um ofício mostrando que a fita foi apreendida pela Corregedoria. "A fita deve estar anexada em algum processo", disse Torrens.
Sobre Curiati, Maria Helena disse que o vereador também é acusado de ficar com parte dos salários de seus funcionários. "Mas não há nenhum inquérito contra ele", disse. O depoimento foi suspenso às 15 horas para o início da sessão. Às 18 horas, os membros da comissão iriam reunir-se novamente para avaliar as acusações de Maria Helena. "Ela estava bem preparada, mas nem todas as respostas foram convincentes", disse o presidente da comissão, Paulo Frange.
A única pergunta que a vereadora recusou-se a responder foi em relação à suposta tentativa de suborno que teria sofrido pelo delegado Romeu Tuma Júnior, que presidiu o inquérito policial contra ela. "Só responderei em juízo", disse.
O corregedor da Polícia Civil, Rui Estanislau Mello, afirmou que iria apurar onde está a fita citada por Maria Helena. O vereador Curiati disse que não iria polemizar com a vereadora e se colocou à disposição para ser investigado. "Se ela votar a favor de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sou o primeiro a colocar todas as minhas contas à disposição", disse o parlamentar.