Mansur diz que "não é golpista"
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terça-feira, 28 de março de 2000
Por João Caminoto
Londres, 29 (AE) - O empresário Ricardo Mansur, que teve ontem novamente sua prisão decretada, disse em Londres que está sendo alvo de uma perseguição. "Isso é uma ignorância, uma violência contra um empresário estabelecido que gerava empregos", disse hoje Mansur à Agência Estado. "Eu não sou golpista, o que estão fazendo é um desrespeito aos direitos humanos. Por que nao usam essa violência para perseguir os bandidos no Brasil?"
O juiz Paulo Alcides Salles, da 12ª Vara Cível de São Paulo, acatou a açao do advogado José Carlos Etrusco, síndico da massa falida da Barnet, que quebrou no dia 25 de fevereiro, e pediu a prisao do empresário. O juiz considerou que a ausência de Mansur no depoimento sobre a falência da holding Barnet, marcado para o dia 13 de março, foi injustificável. Mansur pode perder imóveis que estavam em nome da empresa, incluindo uma mansão no Morumbi ocupada por sua mulher, Patrícia.
Mansur alega que enviou à Justiça atestados comprovando que não tem condições de saúde de viajar no momento para o Brasil para prestar depoimento. "Provei que nao posso fazer longas viagens e me disponho a prestar depoimento aqui em Londres, através de precatória, mas não adiantou. Toda vez que não compareço ao tribunal para uma audiência, usam o artigo 34 para justificar a prisão administrativa, que na verdade não é uma mandado de prisão como as pessoas imaginam." Mansur disse que não tem planos de voltar para o Brasil no curto prazo. "Meu estado de saúde ainda não permite. Além disso, voltar como, no meio dessa tormenta sobre a minha pessoa? Vou esperar essa situação ser esclarecida." Segundo ele, a "pressão" da Justiça acaba piorando o seu estado de saúde. O empresário disse também que no momento não está trabalhando.
A sentença do juiz Amaral Salles prevê ainda a imediata arrecadação dos bens em nome da Barnet - que incluem 16 veículos
três terrenos e um apartamento dúplex - para o pagamento dos credores da holding. As filhas de Mansur, Paola e Marie, também podem perder os imóveis que estavam em seu nome por meio da empresa Market Consultoria Ltda., incluindo a mansão na Avenida Morumbi. Helicóptero - Mansur negou possuir um helicóptero. Ontem, o juiz Luiz Beethoven Giffoni , da 18ª Vara Cível, onde corre o processo de falência do Mappin, mandou recolher um helicóptero avaliado em 4,7 milhões de dólares, de fabricaçao norte-americana, que estava escondido num hangar em Congonhas. O helicóptero irá a leilão para pagamento de credores. "Não tenho helicóptero, não tenho mais nada, eu tinha apenas um avião que o Bradesco tomou", disse o empresário.