Manipulação detecta síndromes
A primeira das duas técnicas é a chamada FISH, já utilizada de rotina na Clínica Abdelmassih, que analisa, com sondas especiais de fluorescência, os diversos pares de cromossomos de cada embrião. Uma das alterações cromossômicas que é possível detectar pelo FISH, num exame que dura apenas seis horas, é a temível Síndrome de Down que se caracteriza pela existência de um cromossomo a mais no par 21. Como as pacientes que recorrem às técnicas de fertilização in vitro têm uma idade média superior à das gestantes da população geral, é natural que essas mulheres tenham um pouco mais de receio da Síndrome de Down, cuja prevalência aumenta proporcionalmente à idade da mãe.
Na clínica, todas as pacientes acima de 36 anos são informadas da existência da técnica. Embora a biópsia seja um procedimento bastante seguro, ele envolve um pequeno risco de causar danos aos embriões, inutilizando-os para a fertilização. ‘‘O que sempre discutimos com a paciente é exatamente este risco’’, diz o dr. Roger. Acima dos 40 anos, porém, há um cuidado redobrado com relação a eventuais anomalias cromossômicas do feto e, nesses casos, a biópsia é sempre indicada, sobretudo para tranquilizar os pais e permitir que a mãe tenha uma gravidez tranquila. A técnica FISH também faz o diagnóstico absolutamente preciso do sexo de cada embrião. A escolha do sexo pelo sexo não é eticamente autorizada pelo Conselho Federal de Medicina do Brasil. Mas, ao permitir a detecção do sexo do futuro bebê antes mesmo da gravidez, o método dá aos médicos a possibilidade de prevenir doenças hereditárias ligadas ao sexo, como a hemofilia. Nesse caso, se houver antecedentes no casal, só os embriões femininos seriam aproveitados, já que a hemofilia ocorre quase exclusivamente em crianças do sexo masculino.