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PROJETO DE LEI 5m de leitura

Manifestantes contrários e favoráveis à criação do Conselho LGBTQIA+ vão às ruas de Londrina

ATUALIZAÇÃO
20 de setembro de 2021

Walkiria Vieira - Grupo Folha
AUTOR

O Projeto de Lei PL000762021, de autoria do Executivo Municipal sobre a criação de um conselho consultivo de Conferência Municipal dos Direitos da População LGBT voltado para  lésbicas, homossexuais, bissexuais, travestis, transexuais, diversidade de gênero e orientação sexual motivou reações contrárias e manifestações favoráveis na manhã deste sábado (18) nas ruas de Londrina

Na região oeste grupo se manifestou contrário à criação de Conselho
 



O assunto promoveu discussões acaloradas durante a semana e durante a manhã dois grupos foram às ruas com faixas, cartazes e símbolos em manifestações contrárias e favoráveis à criação do conselho. De um lado, os contrários, pois consideram que essa camada da sociedade já encontra acolhimento nos 27 conselhos oferecidos pela cidade. Já os favoráveis argumentaram que há demandas específicas para eles.

Grupo considera que população LGBT já tem acolhida nos demais conselhos da cidade
 



Na região oeste de Londrina, a manifestação foi realizada na rua José de Alencar, esquina com a avenida Tiradentes. A concentração teve início pouco antes das 9h e, além de exibir faixas, cartazes, imagens e símbolos religiosos, o grupo fez uma caminhada por cerca de 600 metros pela faixa de ônibus na avenida Tiradentes. A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) esteve no local para dar suporte ao trânsito e segurança aos pedestres. De acordo com o a companhia, a solicitação foi feita pelo vereador Santão (PSC).

 



Por que mais um conselho?

Do ponto de vista da autônoma Fernanda Carvalhaes, 43 anos, a criação não se justifica . "O grupo LGBT pode se encaixar em dos conselhos já existentes, assim como todo ser humano. Dependendo da demanda, há o conselho de Educação, de Saúde, por exemplo, e lendo o documento observamos que existem pautas obscuras. Embora possa começar com um conselho sem gastos, num futuro pode sim vir a onerar o município", expõe.  

A autônoma sugere que a população nominada no projeto LGBT crie uma associação. "Podem criar uma associação independente sem estarem atrelados ao poder público", cita. "Esperamos que o prefeito se retrate com a sociedade londrinense e entenda que não existe homofobia, pois não somos contra as pessoas, mas sim contra a criação do conselho", declara. "Um grupo não pode ser melhor que o outro por questões sexuais. Quando pessoas LGBT procuram a igreja católica ou evangélica, vão em busca de suporte espiritual, psicológico e encontram acolhimento", afirma.

 



Carvalhaes considera que a criação do conselho mais se assemelha à busca de holofotes. "Todas as questões sociais são tratadas nos demais conselhos e perante a Lei e Constituição Federal somos todos iguais, assim, isso mais parece uma 'heterofobia'", julga. "Queremos que a sociedade evolua democraticamente e unindo os cristãs, mas não com segregações", expõe. Presente ao evento contra a criação do conselho, a vereadora Jéssicão (PP) também defende que o grupo populacional lance mãos dos conselhos já estruturados no município. "Podem muito bem criar uma associação, como muitos grupos fazem", defende.

 


'O conselho é uma necessidade'

No calçadão de Londrina, manifestantes a favor da criação do conselho se reuniram também durante a manhã deste sábado. Estenderam faixas, distribuíram cartazes e procuraram sensibilizar a sociedade. Do ponto de vista do cozinheiro Oliver Leticia Fernandes, 28 anos, o conselho é uma necessidade. "Não se trata de um conselho para uma sigla, mas um conselho para buscar mais humanização para as pessoas que se encaixam no grupo e também para criar políticas públicas para essa população", afirma.

"Eu nasci mulher, sou um homem trans e não me reconheço como mulher. Para você ter uma ideia, fui fazer o exame ginecológico preventivo recentemente e, como mudei minha documentação, o sistema permite a análise de meu resultado. Consegui fazer o exame, mas o sistema não o libera porque sou considerado do sexo masculino", expõe. Fernandes considera que assim como ele, muitas pessoas podem passar por isso em Londrina e outras partes do Brasil. "Em Ponta Grossa, o conselho foi aprovado. Em Maringá, não", lamenta.

 
 


A estudante de cinema da Universidade Federal Fluminense, Brisa, 21 anos, considera que esse é um passo importante a ser dado em Londrina. "Existem pautas muito específicas que não englobam pessoas trans e travestis, por exemplo, e o conselho daria suporte a essas demandas", acredita.

 


 
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