Comerciantes de Maringá realizaram na tarde desta quinta-feira (26) um protesto pedindo a retomada das atividades do comércio. Uma carreata circulou pelas principais vias de Maringá, entre elas as avenidas Paraná, Tiradentes e em frente da prefeitura. Centenas de carros participaram da manifestação, que foi considerada pacífica pelos participantes. O comércio está fechado desde o dia 18, quando o município confirmou o primeiro caso de coronavírus. Na ocasião, o prefeito Ulisses Maia (PDT) decretou situação de emergência na cidade.

Em Londrina, que também implantou por decreto o fechamento do comércio, a manifestação está prevista para esta sexta-feira, mas nesta quinta à noite houve buzinaço de alguns veículos que transitavam pela Avenida Higienópolis.

Imagem ilustrativa da imagem Manifestação em Maringá pede reabertura do comércio; Londrina terá protesto na sexta
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

O texto do decreto em Maringá determina que todos os comércios, bares, restaurantes, shoppings e estabelecimentos que oferecem produtos não essenciais fiquem fechados. A medida passou a valer em 20 de março. Supermercados, mercados, postos de combustíveis, locais que entregam água e gás, farmácias, clínicas médicas, hospitais e postos de saúde são os únicos estabelecimentos autorizados a funcionar. O decreto estabelece uma multa aos comerciantes que descumprirem a medida. O valor é entre R$ 300 e R$ 5 mil.

Um dos participantes do evento, que preferiu não ser identificado, foi o proprietário de um restaurante. "A gente não vai conseguir pagar o salários dos funcionários. Tenho o restaurante há três anos. Sinceramente, a gente está apavorado porque não está entrando dinheiro. Eu não adotei as entregas por uma questão de não ter estrutura para isso. A minha equipe não está qualificada para isso”, destacou. Segundo ele, a extensão de carros durante o protesto teria chegado a três quilômetros.

A reportagem tentou entrar em contato com os criadores do grupo de WhatsApp que convocou o protesto, mas eles não atenderam as ligações.

Em nota, a prefeitura de Maringá se pronunciou sobre o protesto. “O mundo vive um momento de dúvidas, mas uma certeza: o vírus chegou. E mata. Tomamos e vamos tomar todas as medidas para minimizar os riscos e preservar a vida, sempre com base científica e seguindo os protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde e outros importantes organismos internacionais. Não temos o direito de errar como outros países", iniciou o texto oficial.

Segundo a prefeitura, nesta sexta-feira (27), a cidade completa oito dias de isolamento social. "Avançamos muito na prevenção, com medidas rigorosas de prevenção. O momento pede bom senso, diálogo. Momento de organizar e planejar os próximos passos para retornar à normalidade, com segurança e tranquilidade. Se seguirmos os protocolos, respeitar as medidas em vigor, logo vamos voltar à tranquilidade."

Sobre a questão econômica apontada pelas manifestações desta quinta-feira, a prefeitura afirmou reconhecer o impacto da quarentena sobre as empresas. "É enorme, mas nós já tomamos diversas decisões no âmbito municipal e os governos estadual e federal encaminham outras iniciativas para socorrer os empresários. O momento pede paz, serenidade e diálogo. Só assim, em harmonia e com muita responsabilidade, é possível superar essa crise", concluiu.

ATAQUE

Embora o protesto tenha sido considerado pacífico, um repórter cinematográfico, que acompanhava um repórter de uma emissora da cidade, relatou ter sido atacado por uma bomba durante a manifestação. “Eu estava de costas, quando o explosivo bateu na minha perna, caiu no chão e logo estourou. Continuamos gravando, correndo atrás do carro. Quando vi dentro do veículo tinha uma caixa cheia de bombas lá dentro. Aí tive certeza que a bomba tinha partido de lá. Ainda bem que eu não me feri”, destacou.

O cinegrafista reforçou que a organização do evento não tem culpa e que comerciantes o ajudaram a apontar o veículo de onde a bomba teria sido arremessada. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Londrina e região repudiou veementemente o ato criminoso. “Não podemos ser coniventes com atos assim de barbárie. É preciso que a população entenda que sem jornalismo não temos democracia e muitos profissionais não podem fazer quarentena enquanto outros pedem que o comércio seja reaberto em um momento grave assim”, aponta o diretor da entidade em Maringá, Ricardo Andretto.

O delegado-chefe da 9ª Subdivisão Policial de Maringá, Adão Wagner Loureiro Rodrigues, afirmou que pedirá abertura de investigação contra o suposto agressor.