Malan e Machinea retomam diálogo sobre Mercosul
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quinta-feira, 06 de janeiro de 2000
Por Vladimir Goitia
São Paulo, 06 (AE) - O ministro de Economia da Argentina, José Luis Machinea, faz amanhã (07), no Rio de Janeiro, a sua "estréia" como representante oficial da Argentina diante do governo brasileiro. O novo responsável pela economia argentina vai se encontrar com o ministro Pedro Malan e com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Altas fontes dos governos brasileiro e argentino disseram que a pauta do encontro - marcado para 11h30 no Rio de Janeiro - está aberta.
"A idéia é trocar as condições de diálogo entre os dois países e aproveitar que existem dois grupos de economistas nos dois países que vêem a situação econômica de forma similar e que respeitam as suas diferenças", disse a fonte. Um dos aspectos a ser abordao é a harmonização macroeconômica no Mercosul, tema que já fez parte de um dos últimos acordos assinados na reunião do Conselho do Mercosul em Montevidéu, no início de dezembro.
De acordo com esse alto interlocutor, os dois grupos que respondem hoje pela economia do Brasil e da Argentina vão também começar a "construir consensos" para reduzir o "ruído" que se instalou nas relações comerciais entre os dois países. Embora o regime automotivo e a disputa dos frangos não estejam na pauta central do encontro, ele não passarão incólumes no encontro dos ministros.
Machinea vem acompanhado dos secretários de Finanças, Daniel Marx, e de Defesa da Concorrência, Carlos Winograd. Além de secretário, com status de ministro, Winograd é um dos principais assessores econômicos e um dos que mais conhece a economia brasileira na Argentina, especialmente na área de política monetária e cambial.
Winograd foi aluno do ministro Malan e colega de Fraga na PUC-Rio, onde, nos últimos três anos, o economista argentino tem sido professor visitante. No encontro de amanhã, no Rio, a presença do Edward Amadeu, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, não está descartada. Não foi definido ainda se Malan e Machinea darão ou não entrevista à imprensa. É possível que saia um comunicado conjunto.
Depois do encontro, à noite, Machinea vai para os Estados Unidos, onde manterá encontros com membros do Tesouro norte-americano e, provavelmente, com o presidente do Fed, Alan Greenspan. O ministro argentino vai reunir-se também com Stanley Fischer, vice-presidente do FMI, a quem deve pedir "waiver" (dispensa de cláusula por falta de cumprimento) da meta fiscal argentina no ano passado.
CRESCIMENTO - O ministro de Economia da Argentina, José Luis Machinea, que vai reunir-se amanhã (07) com o ministro Pedro Malan e com o presidende do Banco Central, Armínio Fraga, no Rio de Janeiro, disse que a "recessão na Argentina acabou". Em entrevista concedida à imprensa ontem (05) em Buenos Aires, ele afirmou que o crescimento econômico do país este ano será de não menos de 4%.
Machinea criticou todos os que se posicionaram contra o pacote fiscal e "não entenderam outras medidas necessárias para a recuperação da Argentina e passaram despercebidas". Entre elas, o ministro citou o novo imposto aos proprietários de veículos que financiará o aumento salarial dos professores e a eliminação dos subsídios de promoção industrial.
Quando um jornalista perguntou se (ele) estava em condições de projetar, com a mesma facilidade que vem falando sobre as estatísticas, o momento em que a população poderá sentir os efeitos desse crescimento, Machinea respondeu: "A única forma de gerar emprego é o crescimento." O ministro falou também sobre outros assunto, entre eles o Mercosul. Ele informou que estará no Brasil na sexta-feira com o ministro Malan e com Fraga para falar sobre o futuro do Mercosul.
