Washington, 16 (AE) - O ministro da Fazenda, Pedro Malan
questionou hoje a advertência do Fundo Monetário Internacional (FMI), feita no documento "World Economic Outlook", de que as economias da América Latina continuam vulneráveis, à medida que têm décifits em conta corrente muito elevados que dependem de financiamento externo. Em discurso apresentado hoje ao Comitê Financeiro e Monetário Internacional do FMI, Malan ponderou que os fluxos de investimentos diretos apontam confiança dos investidores na região.
"O Fundo deveria olhar mais detalhadamente para o comportamento dos investimentos diretos estrangeiros nas situações de crise", respondeu Malan. Na quinta-feira (13), o dia anterior à divulgação do documento, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, havia rebatido as advertências feitas pelo FMI.
Segundo Malan, os fluxos de investimentos diretos mantiveram-se num ritmo forte ao longo da segunda metade dos anos 90.
"Fluxos de investimentos diretos fortes revelam uma região muito mais aberta para esses investimentos", disse o ministro. As economias latino-americanas, de acordo com o discurso que foi divulgado à imprensa, conseguiram gerar confiança nos investidores de longo prazo, mesmo quando os fluxos de curto prazo eram mais reduzidos.
No discurso, o ministro condicionou desenvolvimentos na América Latina à situação da economia mundial. Num cenário favorável, o crescimento nas economias avançadas poderá criar dificuldades ao mercado financeiro global, mas, simultaneamente, aumentará a demanda global e elevará o preço das commodities. Malan afirmou que, mesmo se os fluxos de capital para a região forem reduzidos, um aumento nas exportações e a alta das commodities reduziriam a necessidade de financiamento externo dos países latino-americanos.
"Para se beneficiar desse cenário, será preciso um estreito acompanhamento do comportamento da demanda interna e, se ocorrerem desequilíbrios, ações apropriadas e, no momento extato, deverão ser adotadas", disse o ministro. Turbulências financeiras internacionais, advindas de um ajuste no preço dos ativos, reduziriam o acesso ao crédito global, à medida que haveria uma desaceleração econômica mundial, de acordo com a ponderação feita por Malan.
Apesar da recuperação econômica da América Latina, Malan afirmou que as autoridades não relaxaram nas políticas macroeconômicas e, em alguns países, houve até um aperto. Ele citou também que reformas estruturais estão em curso em vários países. É preciso, no entanto, segundo Malan, um esforço para preservar a estabilidade macroeconômica, aumentar a poupança interna e melhorar a produtividade e eficiência que garantam o crescimento.