São Paulo, 06 (AE) - A reestruturação na Volkswagen também inclui a mão-de-obra. Nos últimos três meses 2 mil funcionários deixaram a fábrica e outros mil devem sair até julho. A maioria é pessoal aposentado que aceitou participar de um programa de afastamento voluntário acertado entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A fábrica da Anchieta, que no início dos anos 90 empregava 28 mil trabalhadores, chegará à metade de 2000 com apenas 18 mil, segundo o vice-presidente de recursos humanos, Fernando Tadeu Perez. Somando o efetivo das outras unidades do grupo em Taubaté e São Carlos (SP), Resende (RJ) e São José dos Pinhais (PR), o número fica próximo ao que tinha a fábrica da Anchieta no início da década.
Apesar dos cortes - resultado, segundo o setor automobilístico, da globalização, da automação e, internamente, da queda nas vendas de veículos registrada nos últimos dois anos -, a Volkswagen pretende manter uma boa relação com seus funcionários. Hoje, pela primeira vez em sua história, a montadora abriu suas portas para os familiares de todos os funcionários, num evento chamado de Encontro família Volkswagen. Cerca de 40 mil pessoas passaram pela fábrica de São Bernardo para visitar a linha de montagem e assistir a shows de grupos de teatro infantil contratados para a festa.
"Acreditamos que em tempos difíceis como esse é importante reunir as pessoas e aumentar a ligação entre os familiares e a empresa", disse o presidente da Volkswagen, Herbert Demel, que também esteve no local com sua família. Perez acrescentou que a iniciativa resulta em funcionários mais alegres e em menos faltas ao trabalho, além de melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. "Não é possível mensurar esse ganho, mas com certeza ele ocorre."
Segundo Perez, o custo do programa, que também foi realizado na fábrica de Taubaté no domingo anterior, foi de cerca de R$ 7 milhões. Durante o evento foram distribuídos 55 mil kits com lanches, bolachas, balas, refrigerantes, batata frita, além de brindes, bonés e sorvetes. Perto de 2,7 mil pessoas trabalharam na organização, entre pessoal de apoio e atores.
Do lado de fora da fábrica, um grupo de consorciados da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Volkswagen (Coopervolks) aproveitou para reclamar da não entrega de seus veículos. De acordo com participantes, a maioria dos 2 mil consorciados já pagou mais de 40 prestações, mas ninguém foi sorteado.