Brasília - Fim de semana de Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Provas no domingo e força-tarefa já montada para garantir a tranquilidade do exame. E é muita gente envolvida. Afinal, são 1.753 municípios, 10 mil locais de aplicação, 4,3 milhões de inscrições, 9 milhões de provas impressas. A Advocacia Geral da União vai estar de plantão para garantir a segurança jurídica e monitorar ações judiciais que por ventura possam prejudicar o cronograma.

Nesse primeiro domingo, o candidato vai fazer as provas de linguagens, ciências humanas e a redação. No dia 10, serão as provas de matemática e ciências da natureza.

Os portões abrem ao meio-dia e fecham às 13h. As provas mesmo começam às 13h30. Para sair da sala de provas só a partir das 15h30, mas se você quiser levar o caderno de questões para conferir depois, só a partir das 18h. No primeiro dia, o horário acaba às 19h e no segundo, às 18h30. O gabarito sai no dia 20 e o resultado mesmo, dia 13 de janeiro.

Os participantes regulares do Enem terão cinco horas e 30 minutos no primeiro dia de provas. A aplicação do exame termina às 19h (horário de Brasília). Quem solicitou tempo adicional e teve o pedido aprovado pelo Inep poderá concluir as provas até as 20h. A duração regular do segundo dia de provas terá cinco horas.

As mulheres têm ampliado a participação entre os candidatos que obtiveram nota máxima na redação do Enem. Nas últimas três edições da prova, elas foram responsáveis por mais de 3 em cada 4 textos que receberam nota mil.

Segundo os dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pelo Enem, na última edição 60 pessoas conseguiram atingir a maior nota possível na redação, sendo que 46 delas foram escritas por mulheres (76,7% do total). Em 2022 e 2021, elas foram responsáveis por 81,3% e 86,4%, respectivamente, do total de notas mil na redação.

A representação das mulheres entre as notas máximas nos últimos três anos fica bem acima da média histórica do Enem. Desde 2009, quando o exame passou a ter o formato atual e ser usado para a seleção de candidatos para as universidades, 12.151 pessoas atingiram a maior nota na redação, sendo 7.839 escritas por mulheres - média de 64,5%.

Elas também dominam outras faixas de alta proficiência. No ano passado, por exemplo, 204.837 mulheres tiraram nota entre 900-999 pontos, quase 2,5 vezes o número de homens (83.765) que conseguiram alcançar essa faixa de pontuação.

Os homens, no entanto, conseguem com mais frequência as maiores notas na prova de matemática e suas tecnologias. No ano passado, 3.979 candidatos homens alcançaram entre 900-1.000 pontos nessa área do conhecimento - o triplo de mulheres (1.334) que tiveram essa pontuação.

Para professores, a diferença de desempenho entre mulheres e homens é verificada desde o início da educação básica e se amplia nos últimos anos de ensino. Outras avaliações, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), do governo federal, e o Pisa, prova internacional, mostram que as meninas apresentam resultados melhores em português desde o início da vida escolar.

"Esses resultados nos indicam uma tendência, ainda que irracional, de incentivar as meninas desde cedo para determinadas áreas de conhecimento e para o desenvolvimento de certas habilidades que condizem mais com o que socialmente é esperado das mulheres", diz Flávia Xavier, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Ou seja, as meninas seriam mais incentivadas a atividades ligadas às ciências humanas, por ser uma área relacionada à comunicação e ao cuidado com o outro. Já os meninos, mais estimulados para a matemática, área mais associada ao uso da razão, da métrica. "A escola reproduz as relações sociais e a cultura predominante na sociedade em que está inserida e, com isso, acaba reforçando certas expectativas de gênero. Isso explica a diferença de desempenho de homens e mulheres nas áreas avaliadas pelo Enem."

Os dados do Inep revelam ainda outros tipos de desigualdades educacionais. Entre as notas máximas obtidas no ano passado, 39 foram de candidatos autodeclarados brancos, 13 de pardos, dois de amarelos e apenas um de quem se declarou preto. Nenhuma foi obtida por indígenas.

A redação é corrigida a partir de cinco competências, com valor de 200 pontos cada uma: o domínio do português, compreensão do tema e aplicação de conceitos, articulação de informações, coesão e proposta de intervenção.

Esta última competência é uma inovação do Enem e não costuma ser cobrada em outros vestibulares. É nela que os alunos das redes estaduais têm as piores notas na comparação com quem estudou em escolas particulares, segundo a pesquisa.

HISTÓRICO

Instituído em 1998, o Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término do ensino médio. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como treineiros, e os resultados obtidos no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos.

As notas do Enem podem ser usadas em processos seletivos coordenados pelo Ministério da Educação, como Sisu (Sistema de Seleção Unificada), o ProUni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior).