A pandemia da Covid-19, que completou um ano na semana passada no Estado, já interrompeu os sonhos de 3.211 pessoas com idade entre 20 e 59 anos no Paraná. Os dados são do boletim epidemiológico divulgado pela Sesa-PR (Secretaria de Estado da Saúde) nesta segunda-feira (15). Considerando todas as faixas etárias, 13.519 morreram em decorrência da doença.

Entre as vítimas está a professora Gislaine Gomedi, 39, que faleceu no domingo (14) após complicações da Covid-19. A professora morava em Cambé e trabalhava na Escola Municipal América Sabino Coimbra, no Residencial Vista Bela, zona norte de Londrina.

“Era uma pessoa muito dedicada e comprometida. Trabalhava na Sala de Recursos que atende alunos com necessidades especiais. Com a vinda dela para a nossa escola, ela passou a ajudar também os professores no planejamento das atividades. A Gislaine tinha muita bagagem em relação à educação especial. Os professores e toda equipe estão devastados”, lamentou a diretora Patrícia Cavalcanti Shinaide.

A professora foi afastada das atividades no dia 23 de fevereiro, quando surgiu a suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Após a confirmação da Covid-19 e a recuperação em casa, o quadro de saúde voltou a se agravar.

“Falei com ela no comecinho de março e ela estava bem, já estava em casa. Ela comentou que estava com um pouco de falta de ar e sem conseguir comer muito, mas estava melhorando”, contou a vice-diretora Andressa Carvalho Pires.

Gislaine era formada em ciências sociais e sempre procurou trabalhar em escolas mais distantes da região central. O irmão, Daniel Gomedi, também professor, contou que ela decidiu se afastar do filho de 6 anos assim percebeu os primeiros sintomas da Covid-19. Segundo a família, ela não possuía comorbidades.

Na semana passada, antes da piora no quadro de saúde, Gislaine pediu para ver o filho por meio de uma porta de vidro e foi internada às pressas no dia seguinte em Londrina. Ela permaneceu em uma UTI adaptada e aguardou, entre sexta e domingo, a transferência para um leito de UTI na região.

“Ela era muito sonhadora, muito jovem, estava recomeçando a vida. Agora que ela tinha acabado de mobiliar o apartamento do jeitinho dela… Isso é muito triste. A nossa família está arrasada. Nunca pensei na minha vida que eu fosse passar por isso. É um vazio que chega a apertar o peito. Não desejo para ninguém. É um adeus que não existe”, comentou Daniel.

“A Gislaine sempre lutou pelos direitos do acesso à saúde. Ela lutava para que os professores fossem considerados essenciais para que fossem vacinados o quanto antes. A gente quer que todo mundo tenha acesso à vacina e que todo mundo tenha direito a uma UTI, se precisar. E isso não é só para nós. É para as irmãs das outras pessoas também”, frisou.

Entre 15 de fevereiro e 15 de março, o Paraná registrou 2.836 mortes no total, sendo que 776 óbitos ou 27% ocorreram na faixa etária entre 20 e 59 anos. Em Londrina, das 106 mortes confirmadas entre os dias 1º e 15 de março, 33 ocorreram nessa faixa etária. Ao todo, 15 dessas 33 vítimas não apresentavam doenças pré-existentes.

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