Como bons brasileiros, londrinenses deixam tudo para a última hora. Os preparativos para a ceia de Réveillon movimentaram o mercado Shangri-Lá, na manhã deste sábado (30). Frutas secas, espumantes e peixes são os produtos mais procurados. Comerciantes esperam maior movimento neste domingo (31).

O casal José Mauro Luizão, 59, e Cássia Luizão, 54, já estava com a ceia quase completa, faltando apenas as frutas secas que serão utilizadas na decoração e como petiscos. "Não esquecemos de comprar, deixamos para a última hora mesmo", brinca a funcionária pública. Espumante e lentilha são essenciais na ceia do casal. "Temos sempre a lentilha, não somos supersticiosos, mas fazemos todas as simpatias, melhor fazer, vai que...", riem juntos.

A leitoa já está separada para assar lá na casa da família de Marisa Ronocielli, 78. A aposentada estava procurando os últimos itens: frutas secas, cebolas e batatas e esperava um movimento maior nas compras. "Tem domingo que está mais cheio, hoje está mais fraco que outros anos", afirma. Ao mesmo tempo, Ronocielli acredita que muitos foram viajar e quem vai ficar na cidade já está se preparando desde o Natal.

"No nosso Réveillon não pode faltar peixe", afirma Ernesto Esmerce Villatore, 58, que foi com a esposa, Maria José Villatore, 53, buscar a tainha. "Nós deixamos para a última hora porque não deu tempo de vir antes, a gente estava trabalhando", afirma o representante comercial, que não vê prejuízos, acredita ser o mesmo valor e a movimentação de véspera não o incomoda.

Espumantes, peixes, frutas secas, esses eram os itens mais procurados, no entanto, há quem estava procurando por ingredientes um pouco diferentes. Cyntia Taira Lentine, 43, conta que a ceia da família privilegia a tradição oriental, por isso, tirou o sábado para comprar udon (macarrão japonês) e tikuwa (massa de peixe). "Udon não pode faltar na mesa de virada de Ano Novo. Nós escolhemos hoje para pegar produtos mais frescos, principalmente o tikuwa", afirma a enfermeira que vai comer o moti (bolinho de arroz) no primeiro dia do ano.

Para Antônio Tomio Furuta, 65, sócio-proprietário da Mercearia Irmãos Furuta, a movimentação das compras está menos intensa em comparação ao ano passado, mas agradece que as pessoas ainda mantêm a tradição das ceias. "Aqui sai mais os espumantes e as castanhas portuguesas, que até já acabaram. Eu acho que as pessoas estão ficando mais precavidas, antes deixavam tudo para a última hora, agora está mais distribuído. Assim é bom para conseguirmos nos organizar e atender melhor nossos clientes", defende.

Na Peixaria Shangrilá, há maior intensidade de compras no Ano Novo que no Natal. "Nesta época, a maior parte das vendas é de peixes inteiros, as pessoas querem levar para preparar", afirma Roberta Imagawa, 26. A proprietária da peixaria afirma que aumentou o consumo do produto até mesmo no Natal, tornando o peixe um alimento tradicional. "Acho que pela questão da alimentação saudável e também influência da tradição oriental". Apesar do movimento fraco, Imagawa aposta no domingo (31) para a venda dos grelhados. "Hoje em dia as pessoas querem praticidade, ninguém quer ficar só na cozinha preparando tudo, por isso a procura aumenta na véspera", afirma.