Imagem ilustrativa da imagem Londrinenses promovem caminhada pelo fim da violência contra a mulher
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Os casos de violência doméstica aumentaram cerca de 20% em todo o Brasil durante a pandemia. No ano passado, o país registrou 1.350 feminicídios, que corresponde a uma mulher morta a cada seis horas e meia. Em 2021, 168 paranaenses foram assassinadas por seus parceiros entre janeiro e outubro. Com o objetivo de chamar a atenção para os dados alarmantes e incentivar as denúncias envolvendo esses tipos de crimes em Londrina, integrantes locais do grupo Mulheres do Brasil participaram na manhã deste domingo (5) de uma Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas. A ação realizada no Lago Igapós II fez parte de uma mobilização nacional promovida em 50 cidades brasileiras e do exterior.

“O objetivo dessa caminhada é chamar a atenção para uma causa tão importante no Brasil de hoje e na história da humanidade que é violência praticada contra a mulher. Essa ação faz parte dos 16 dias de ativismo proposto pela ONU [ Organização das Nações Unidas], que escolheu a cor laranja para essa campanha. Por isso todas estamos vestindo camisetas dessa cor”, explicou a jornalista Nilma Raquel Silva, líder local do grupo Mulheres do Brasil.

De acordo com a ONU, cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência ao longo da vida, apenas por causa de seu gênero. “É preciso ter consciência de que além das agressões físicas, existe também a violência psicológica e a violência patrimonial. E precisamos lutar contra todas elas. Nosso slogan é: Eu Meto a Colher, Sim! Queremos criar uma rede de sororidade para que qualquer pessoa da sociedade denuncie para a polícia e para a Guarda Municipal qualquer situação que envolva violência contra as mulheres e meninas”, ressaltou Rita de Cássia Ramalho, líder do comitê local de combate contra a violência do grupo Mulheres do Brasil. “Precisamos dar as mãos umas para as outras para encorajar as vítimas a saírem desse tipo de situação. Quanto mais pessoas falarem sobre esse assunto, melhor. Por isso, resolvemos também participar desse evento”, enfatizou Érica Chagas, representante da ONG Nós do Poder Rosa, que existe há 13 anos em Londrina e conta com cerca de 80 voluntárias.

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| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Segundo um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, durante o isolamento social adotado para conter a pandemia de Covid-19, os casos de violência doméstica aumentaram em todo o país. De acordo com o órgão, em 2020, foram registrados 1.350 feminicídios no Brasil, ou seja, uma morte a cada seis horas e meia. “Aqui no Paraná, 168 mulheres morreram assassinadas pelos seus parceiros de janeiro a outubro deste ano. Nosso objetivo é incentivar as mulheres a denunciarem as agressões para evitar que a situação chegue às últimas consequências, pois o feminicídio é um crime previsto em que o agressor não chega matando, primeiro ele agride e ameaça. Precisamos trabalhar na prevenção deste crime e todas campanhas realizadas com esse objetivo são bem-vindas, a exemplo dessa caminhada promovida pelo Grupo Mulheres do Brasil no Lago Igapó", destacou a juíza Zilda Romero, titular da 6ª Vara Criminal do Fórum da Comarca de Londrina, mais conhecida como Vara Maria da Penha.

A magistrada ressaltou ainda que a Londrina conta com uma ampla rede de proteção às mulheres vítimas de violência. “Temos muitas portas de entrada para a mulher denunciar. Entre elas a Delegacia da Mulher; o disque 190, da Polícia Militar; o disque 153 da Guarda Municipal, a Patrulha Maria da Penha, a Secretaria Municipal de Política para as Mulheres e o juizado especializado. Nesse período de pandemia o Boletim de Ocorrência pode ser feito até mesmo forma remota para que a mulher não tenha que se descolar até a delegacia. Além disso, mais de 4 mil mulheres com medidas protetivas decretadas contam com um aplicativo chamado Botão do Pânico que é baixado no próprio celular da denunciante e ao ser acionado por ela a Polícia Militar e a Guarda Municipal são informadas imediatamente sobre a localização da vítima e também do agressor”, detalhou a juíza.

A Caminhada pelo Fim da Violência Contra as Mulheres e Meninas em Londrina contou com apoio da Prefeitura Municipal, do Lions Club, da Comissão da Mulher Advogada da OAB Londrina, da Comissão de Mulheres Empreendedoras e Gestoras da Fecomércio e da Associação das Mulheres Corretora de Imóveis de Londrina, além de outras autoridades e organizações da sociedade civil.

O grupo Mulheres do Brasil nasceu em 2013, por iniciativa de 40 empresárias de diferentes segmentos. A intenção era de intensificar as políticas para as mulheres. Hoje, elas realizam trabalhos voluntários em 151 núcleos, sendo 112 nacionais e 39 internacionais. Estes últimos estão em 22 países diferentes. Em Londrina, ele existe desde o ano passado e conta com cerca de 60 integrantes. Interessadas em participar do grupo podem entrar em contato através do Instagram (@grupomulheresdobrasillondrina) ou pelo e-mail [email protected].