Mesmo com a cidade com mais de mil infectados pelo covid-19, espaços públicos como o Lago Igapó ficaram cheios de gente neste domingo (21)
Mesmo com a cidade com mais de mil infectados pelo covid-19, espaços públicos como o Lago Igapó ficaram cheios de gente neste domingo (21) | Foto: Micaela Orikasa / Grupo FOLHA

Mesmo com regras mais severas anunciadas pelo prefeito Marcelo Belinati na terça-feira (16), para conter ainda mais o avanço da Covid-19 na cidade, muitos londrinenses não conseguiram ficar em casa neste domingo (21).

A FOLHA percorreu as principais áreas livres e de lazer e encontrou muitas famílias com crianças pequenas e casais aproveitando a tarde ensolarada. Os termômetros chegaram perto dos 30°C, revelando um veranico no segundo dia do inverno.

Londrina já passou de mais de mil infectados desde o início da pandemia e 62 pessoas já perderam a vida em decorrência do novo coronavírus. Já é sabido que a distância social – de pelo menos um metro – e o uso de máscaras são medidas essenciais para evitar o contágio, além dos hábitos de higiene, especialmente das mãos. No entanto, muitos ainda saem de casa sem máscara e não respeitam o distanciamento.

No Zerão, Lago Igapó, Jardim Botânico e Praça Nishinomiya, que são as principais áreas de lazer dos londrinenses, a reportagem observou muitas pessoas descansando, brincando e se exercitando sem máscaras. A pessoa que for flagrada pelos agentes da GM (Guarda Municipal) ou da Secretaria de Fazenda e Vigilância Sanitária sem o acessório, pagará multa de R$ 300 e responderá um processo criminal pelo artigo 268 do Código Penal – por infração de medida sanitária preventiva.

Nos arredores do Zerão também havia movimento
Nos arredores do Zerão também havia movimento | Foto: Micaela Orikasa / Grupo FOLHA

A psicanalista Milena Mansur estava com o filho Enzo, 4, na barragem do Lago Igapó. Ela disse que ficou em quarentena total por mais de 30 dias, mas que agora ficou impossível. “Chega um momento que não dá mais para segurar as crianças dentro de casa”, comentou. Mãe e filho estavam usando máscara, mas a cena não era comum a todas as famílias.

Muitas das crianças que saíram de casa neste domingo (21) estavam sem máscara. No Jardim Botânico, grupos de jovens também ocuparam o estacionamento sem nenhuma proteção. O casal Daniele Rossi e Lucas Daniel Uchoa estava por lá, mas ambos usavam máscaras.

“Nossa rotina virou trabalho e casa. Chega no final de semana, a gente quer dar uma volta. Essa é a primeira vez que venho ao Jardim Botânico desde o início da pandemia e olha, me surpreendi com o tanto de gente. Pelo menos, nós dois estamos tomando as medidas necessárias de higiene”, comentou Uchoa. O movimento de carros passando pelo espaço também era alto.

A Praça Nishinomiya  também teve a presença de um número grande de pessoas
A Praça Nishinomiya também teve a presença de um número grande de pessoas | Foto: Micaela Orikasa / Grupo FOLHA

Na praça Nishinomiya, localizada em frente ao Aeroporto, havia muitas pessoas mesmo com as placas da prefeitura sobre a interdição do espaço. O comércio de bebidas e alimentos também eram atrativos. Aliás, em todas as áreas visitadas pela reportagem, o comércio local estava bem movimentado. Muitas pessoas aproveitaram o dia para tomar caldo de cana e água de coco. As sorveterias também estavam cheias.

No Zerão, o estudante Renan César fazia exercícios com máscara e respondeu que até tentou se exercitar em casa. “Mas chegou uma hora, lá pelo segundo mês de quarentena, que não deu mais. Eu precisava estar ao ar livre até porque eu gosto é de correr”, disse.

César garante que usa máscara, carrega o álcool gel e está sempre sozinho. “Acho que se for um espaço assim, ao ar livre e grande como o Zerão, onde as pessoas se mantêm distantes, não há muito perigo”, desabafou.

INTERDIÇÃO

Lago Igapó, Zerão, quadras esportivas e demais áreas de lazer estão interditadas desde o dia 05 de abril. Aglomerações com mais de dez pessoas, sejam festas, churrascos, jogos de futebol ou demais reuniões, estão proibidos e as multas variam de R$ 10 mil até R$ 120 mil. Síndicos e donos de chácaras que permitirem os eventos também serão penalizados.

Estabelecimentos que não estiverem cumprindo as normas, serão multados de R$ 10 mil a R$ 120 mil, e serão lacrados, ficando sujeitos à perda de alvará em caso de reincidência.

FISCALIZAÇÃO

No domingo (21), durante a presença da FOLHA nos principais espaços de lazer, não houve nenhuma fiscalização. Na quinta-feira (18), a secretaria municipal de Defesa Social abriu um canal de denúncias via whatsapp.

A ideia é que a população faça as denúncias referentes ao descumprimento das medidas de combate ao novo coronavírus, através do telefone (43) 99995-0272. O serviço funciona 24 horas e a identificação do solicitante será mantida em sigilo pela GM.

A FOLHA tentou contato com o secretário de Defesa Social, Coronel Pedro Ramos, mas não houve resposta até o fechamento da edição.