Com o advento da pandemia de Covid-19, o uso de máscaras se tornou um acessório obrigatório e isso impactou a comunicação de pessoas com perda total ou parcial da audição, já que dependem da leitura labial. Quatro jovens de Londrina decidiram explorar o assunto para produzir e gravar "The Silence in the Pandemic”, que pode ser traduzido como “O Silêncio na Pandemia". O curta-metragem foi ambientado na casa da avó e gravado com um telefone celular. O material relata o drama de quem passa por esse tipo de situação e ganhou vários prêmios, inclusive um festival da ONU (Organização das Nações Unidas).

Jucimara, Glória, Vandro e Victor da Rocha: produção que chama a atenção para o problema ganhou destaque mundial
Jucimara, Glória, Vandro e Victor da Rocha: produção que chama a atenção para o problema ganhou destaque mundial | Foto: Vitor Ogawa - Grupo Folha

Lorena da Silva pesquisava, na internet,, sobre bolsas de estudos no exterior e acabou se deparando com o edital do concurso Prêmio Plural + Youth Festival da ONU, iniciativa da OIM (Organização Internacional para as Migrações) e da Unaoc (Aliança de Civilizações das Nações Unidas), que oferecia prêmios para cada uma das três categorias de idade (até 12, 13 a 17 e 18 a 25 anos).

Silva convidou seus primos Victor e Glória Rocha de Araújo, de 10 e 12 anos, para produzir o vídeo, e a sua irmã Alaysa Fernandes da Silva, que mora em Connecticut (EUA) para elaborar o texto do material em inglês. O curta-metragem foi produzido em junho, antes de Silva se mudar para Jaén, na Espanha, onde cursa o mestrado em Investigação em Saúde.

“O tema do festival era migração, xenofobia e inclusão social e tinha a Covid como subtema. Os pais da Glória e do Victor são deficientes auditivos e a gente resolveu trazer isso para o vídeo. Conversando com os amigos dos pais deles, que também são surdos, a gente fez uma enquete e resolveu falar sobre as dificuldades deles na pandemia”, explicou Silva.

O vídeo foi escolhido o melhor e também recebeu o Prêmio The Peacemaker Corps, Prêmio TAL (Televisión America Latina), Prêmio MediaBus e receberam menção honrosa do Italian Movie Award e do Children's Film Festival Seattle (Washington).

Imagem ilustrativa da imagem Londrinenses ganham prêmio da ONU com vídeo sobre pandemia e surdez
| Foto: Vitor Ogawa - Grupo Folha

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'ESTOU MUITO FELIZ'

Os pais de Glória e Victor, o montador industrial Vandro de Araújo, 44, e a auxiliar de produção Jucimara da Rocha, 39, são surdos e confirmaram para a reportagem que têm enfrentado a barreira da comunicação decorrente do uso das máscaras durante a pandemia. Araújo relatou dificuldades de se comunicar no médico, nas lojas e no banco. Ele acredita que é uma falha do ensino regular não tornar o ensino da Libras (Língua Brasileira de Sinais) obrigatório.

A esposa dele também se emocionou com o destaque mundial alcançado pela produção. “Estou muito feliz", resumiu, confessando que já imaginava que a produção deles seria escolhida como a melhor do mundo na categoria deles. Relatou que o uso de máscaras afetou a vida dela e o vídeo que eles produziram mostrou bem isso. Ela apontou que a situação é comum entre seus amigos que possuem essa mesma condição. “Eles também passam por muitas dificuldades”, apontou Rocha.

Segundo Glória, foi divertido produzir o vídeo. “A gente não tinha noção do que ia acontecer”, declarou a adolescente. “A gente começou a gravar e foi bem legal. Gostei bastante do resultado final”, declarou. “Que bom que consegui passar a mensagem”, destacou.

Seu irmão Victor, ressaltou que foi seu primeiro papel como ator. “Minha irmã falava o que eu tinha que falar, fazer e até como eu deveria me vestir”, destacou. “Quando ganhamos o prêmio fiquei bem feliz”, declarou.

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