O londrinense Anderson Robson Barbosa entrou na lista de procurados pela polícia japonesa na quarta-feira (31), depois que um mandado de prisão foi expedido contra ele por suspeita de assassinar sua esposa e filha na cidade de Sakai (Província de Osaka). A polícia de Osaka divulgou em sua página um vídeo em que ele circula pelo Aeroporto Internacional de Narita (Chiba), a leste de Tóquio.

As imagens, que possuem duração de 9 segundos, mostram o rapaz caminhando com roupas informais pelo aeroporto de Narita
As imagens, que possuem duração de 9 segundos, mostram o rapaz caminhando com roupas informais pelo aeroporto de Narita | Foto: Divulgação/Polícia da Província de Osaka

As imagens, de 9 segundos de duração, mostram o rapaz caminhando com roupas informais (bermuda, camiseta e boné) pelo aeroporto japonês na noite de segunda-feira da semana passada (22), depois de embarcar em um voo no aeroporto de Narita (Chiba).

FUGA

A partir de imagens de câmeras de segurança e outros materiais, a polícia soube que Barbosa fugiu do local após a morte da esposa e da filha e teria ido de bicicleta até a estação de Hatsushiba, a 1 quilômetro de casa, na manhã do dia 21 de agosto. Sua bicicleta foi encontrada por lá e indica que ele embarcou em um trem para a Estação de Namba, no bairro Chuo (Central), em Osaka, e de lá viajou até o Aeroporto de Narita, em Tóquio. Por lá, ele comprou uma passagem de avião para o Brasil e foi confirmado que deixou o Japão do Aeroporto Internacional de Narita na noite seguinte. Ele partiu para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, via Dubai.

O brasileiro de 33 anos é suspeito de ser o assassino da esposa Manami Aramaki, 29 anos, e da filha Lily, 3 anos. A autópsia realizada pelas autoridades japonesas aponta que no corpo de Manami havia mais de 10 perfurações, algumas com cortes profundos, que atingiram órgãos vitais como o coração e os pulmões, o que provocou morte instantânea. A garota também estava com múltiplas facadas. A polícia divulgou que essa quantidade de facadas é um indicativo que o homicida teve forte intenção de matar. A mulher também tinha marcas de agressão no rosto. A polícia não sabe se Anderson voltou a Londrina ou se está em outra localidade no Brasil. A delegacia de polícia de Kuroyama, província de Osaka, divulgou um número de telefone para contato caso alguém tenha informações: 81- 072-362-1234.

A Polícia Federal informa que está acompanhando o caso como representante da Interpol no Brasil, mas não fornecerá detalhes sobre o seu andamento.

REDES SOCIAIS

Embora não se saiba o paradeiro do suspeito, há indícios de que ele tenha acessado suas redes sociais. Após o crime, muitos internautas deixaram mensagens em seu perfil do Facebook, mas os comentários foram apagados e a função de deixar comentários foi desativada.

Pelas redes sociais, Barbosa chegou a conversar com jornalistas japoneses e chegou a responder postagens de conhecidos. Em um print de uma conversa, ele confessou que matou a esposa, e alegou que teria feito isso porque sua esposa teria matado a filha e que estava “incomodado” com os julgamentos.

Jornalistas da emissora Fuji entraram em contato com ele pelas redes sociais e ele respondeu que “não estava em condições de falar” e reforçou que “não tinha matado a filha”, negando parte das acusações.

Nas informações disponibilizadas pela polícia consta que ele tem 1,70 metro de altura e duas tatuagens: uma de caveira na parte superior do braço direito e uma de dragão na região do abdômen. A polícia informa também que ele possui uma cicatriz na orelha direita com menos de 0,3 centímetro.

AEROPORTO DE LONDRINA

A reportagem chegou a requisitar imagens das câmeras de monitoramento do aeroporto de Londrina, para saber se ele chegou à cidade, mas a CCR, administradora da concessionária que cuida do aeroporto, negou o acesso às imagens alegando impedimento legal para a divulgação desse material. No Brasil vigora a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) desde 2018, que impede a divulgação de informações para assegurar o direito à privacidade e à proteção de dados pessoais dos usuários, por meio de práticas transparentes e seguras, garantindo direitos fundamentais.

Barbosa e Aramaki se casaram há cerca de três anos. Eles passaram a residir no imóvel que foi a cena do crime há aproximadamente dois meses. Ele passou a trabalhar em seu último emprego por volta de abril. No dia 22 de agosto, Barbosa ligou para seu trabalho duas vezes para justificar a sua ausência. "Me machuquei em um acidente de bicicleta e vou tirar duas semanas de licença".

Anderson Barbosa residia no Japão pelo menos desde 2012, há dez anos. Em Londrina ele residia com a ex-exposa, nipo-brasileira com quem foi ao Japão. Ele chegou a trabalhar como um garçom em um bar de Londrina. A reportagem tentou localizar ex-colegas dele, mas não obteve sucesso. Ainda conversou com a filha de uma pessoa que comprou uma casa da ex-esposa dele, que informou que a documentação demorou a sair porque fazia parte do espólio da família, que envolvia outros irmãos. "Ela era filha do proprietário e o meu pai adquiriu a parte dela", destacou a fonte da reportagem.

MENSAGEM PÓSTUMA

Depois que as duas morreram, a mãe de Manami Aramaki recebeu uma mensagem que partiu do smartphone de Manami, dizendo: "Você não deveria vir agora". Há a suspeita de que Anderson Barbosa se fez passar pela esposa e tentou atrasar a descoberta.

Diante da repercussão do crime, a equipe de uma TV japonesa veio a Londrina nesta quinta-feira (1º) para tentar achar locais pelos quais o suspeito pode ter circulado, a ANN News. Outra equipe de TV japonesa, a estatal NHK, já chegou em Londrina.

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