Londrinense batalha para superar sequelas da Covid-19
Marcos Cláudio Egídio está com a memória prejudicada, perdeu 100% da audição e hoje utiliza cadeira de rodas
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Marcos Cláudio Egídio está com a memória prejudicada, perdeu 100% da audição e hoje utiliza cadeira de rodas
Vítor Ogawa
O mecânico e funileiro Marcos Cláudio Egídio é um exemplo de como a Covid-19 deixa sequelas. Diabético e obeso, ele foi um paciente de risco. Teve a doença antes do início da vacinação no país.
A filha dele, a bibliotecária Andrea Egídio Mazzetto, conta que Marcos descobriu um problema renal em março de 2020. Em 18 de abril, iniciou a hemodiálise, mas positivou para a Covid-19”. A imunização contra a Covid-19 no Paraná começou em janeiro de 2021, quase um ano após a confirmação dos primeiros casos da doença em solo paranaense.
Andrea acredita que o pai se contaminou nesse trâmite de ir para a clínica para fazer hemodiálise. “Ele saiu de uma hemodiálise e foi direto para o HU (Hospital Universitário). Ele foi internado e já no dia 21, no feriado, foi intubado. Foi a primeira intubação dele. Depois disso foram surgindo algumas complicações: parada cardíaca, trombose. Por permanecer muito tempo deitado, surgiram lesões na pele e ele precisou continuar com a hemodiálise na UTI. Ele saiu e voltou para a UTI algumas vezes e no total ele ficou um ano internado em hospital, dos quais oito meses foram na UTI. Só depois ele veio para a internação domiciliar.”
Na internação domiciliar, Marcos tem sido acompanhado pelos agentes domiciliares, disponibilizados pela Secretaria de Saúde de Londrina. “Hoje ele tem sequelas. A memória dele está prejudicada, principalmente a memória recente. Ele perdeu 100% da audição , está dependente de acompanhante para ir ao banheiro e está usando fraldas. Atualmente ele utiliza cadeira de rodas”, destacou Andrea.
Outro problema são as escaras, feridas decorrentes do período prolongado em que permanece deitado. E essas feridas podem ser a porta de entrada para infecções. Ela utiliza óleo de girassol e uma pomada de hidrogel para tratar as feridas. “A gente ainda está aguardando a disponibilização da fisioterapia pelo SUS. Nós conseguimos pagar um pouco de seções, por alguns meses, mas o custo é inviável”, declarou.
No período em que arcou com os custos, a fisioterapeuta indicou alguns poucos exercícios que poderiam ser conduzidos pela família. “Ela deu indicações de exercícios para fazer que ajudam ele e é minha mãe que tem feito, mas o ideal é que seja feito por profissionais”, destacou.
Da mesma forma que a doença atacou de forma severa algumas pessoas, outras, mesmo tendo passado por internação prolongada e em unidade de terapia intensiva, não sofreram as consequências da doença da mesma forma. O professor de História Edson Holtz, por exemplo, ficou 50 dias internado na UTI e teve escaras por ter permanecido muito tempo deitado. Quando saiu, precisou fazer cinco diálises. Os exames depois disso deram normal. "O que tive de sequela foi na visão. Tive duas cataratas, mas não da Covid-19 em si, mas decorrente da medicação para tratar a Covid. Isso fechou o cristalino e terei de fazer cirurgia corretiva. As narinas sofreram aderência devido ao equipamento utilizado nelas e isso me deixou com a respiração um pouco forçada. Vou ter que fazer uma pequena cirurgia. Os pulmões ficaram legais. Devo ter tido uma pequena perda, mas caminho legal. Faço exercícios e consigo nadar", disse. Holtz não teve estresse pós-traumático após a Covid, mas perdeu massa muscular e levou quatro meses para voltar a andar.
Receba nossas notícias direto no seu celular. Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.