Logo na manhã deste sábado (24), antes mesmo da UBS (Unidade Básica de Saúde) do Vivi Xavier, na zona norte de Londrina, abrir as portas, pais, mães e responsáveis aguardavam com suas crianças o início da vacinação contra a dengue. O município recebeu 13.204 doses do imunizante Qdenga, o que corresponde à população londrinense na faixa etária de dez a 11 anos. O protocolo prevê duas doses, com intervalo de 90 dias.

A primeira pessoa da fila foi a diarista Rosângela do Nascimento Macedo, que estava indo para o trabalho e aproveitou para levar a filha Ana Beatriz, de dez anos, para ser imunizada. Ela ressalta que a doença tem que ser levada a sério.

A pequena Ana Beatriz, de dez anos, foi uma das primeiras a chegar na UBS do Vivi Xavier, ao lado da mãe Rosângela do Nascimento Macedo
A pequena Ana Beatriz, de dez anos, foi uma das primeiras a chegar na UBS do Vivi Xavier, ao lado da mãe Rosângela do Nascimento Macedo | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

“Cuidamos muito do nosso quintal e é muito importante que a gente faça isso. Surgiu essa oportunidade para as crianças, então vamos cuidar delas”, diz Macedo.

A farmacêutica Danielle Segala dos Santos também chegou antes das 9h. Acompanhada do filho Pedro Henrique, ela ressalta que é fundamental cuidar e prevenir a doença.

“Já corri de manhã para garantir. Acho que é o melhor horário e, assim, tendo a vacinação, com os surtos que estão dando aqui em Londrina e na região, meu marido já teve, então a gente veio prevenir”, pontua.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina vacina 1.879 crianças contra dengue no primeiro dia do mutirão
| Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, explica que rapidamente a prefeitura de Londrina se organizou para iniciar a imunização da faixa etária. A expectativa era aplicar cerca de cinco mil doses durante o mutirão, capacidade das unidades que foram abertas no sábado. O balanço ficou em 1.879 crianças vacinadas.

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Além da UBS do Vivi Xavier, a vacinação ocorreu até as 17h na unidade do Jardim Alvorada, na região centro-oeste; na UBS Guanabara, na região centro-sul; na UBS Piza, na região sul; e na UBS Armindo Guazzi, na região leste. Nos postos dos distritos de Paiquerê e Lerroville, que abriram para fazer o acompanhamento dos casos de dengue, o atendimento foi até as 13h.

Como a quantidade de doses é suficiente para cobertura da faixa etária, Machado aponta que a ideia foi adiantar parte da movimentação dos próximos dias. A alta demanda por atendimento médico por conta da doença motivou essa estratégia.

'A vacina apresentou em todos os estudos uma eficácia de mais de 90% em relação aos casos graves e hospitalização', diz o secretário de Saúde, Felippe Machado
'A vacina apresentou em todos os estudos uma eficácia de mais de 90% em relação aos casos graves e hospitalização', diz o secretário de Saúde, Felippe Machado | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

"Iniciamos o processo de descentralização para que todas as unidades, a partir de segunda-feira, também tenham a vacina para essa população”, projetando que, ao meio-dia, todas as unidades já estarão com a vacina disponível.

PÚBLICO-ALVO

O secretário ressalta que estudos apontam que, após os idosos, as crianças correspondem pela segunda maior incidência de hospitalização de casos graves de dengue. “Os pais, mães e responsáveis precisam saber dessa informação para levar seus filhos à unidade de saúde. A vacina apresentou em todos os estudos uma eficácia de mais de 90% em relação aos casos graves e hospitalização”, reforça.

Miguel, de dez anos, foi uma das crianças imunizadas contra a dengue neste sábado
Miguel, de dez anos, foi uma das crianças imunizadas contra a dengue neste sábado | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

Para o motorista de aplicativo Alexandre Rodrigues Carneiro, pai de Miguel, de dez anos, imunizar é indispensável. “O mosquitinho está aí e tem que prevenir. Não é brincadeira”.

A aposentada Eronisa Souto Severino acompanhou o neto Miguel, de onze anos, durante a vacinação no Vivi Xavier. "Eu fico muito feliz [de ter a vacina], porque ele já teve dengue, já ficou internado. Eu também já tive e se tivesse [doses] para pessoas acima de 60 anos eu ia ficar mais feliz ainda. Mas, protegendo ele já está bom”, completa.

A aposentada Eronisa aproveitou o sábado para levar o neto Miguel, de onze anos, tomar a vacina contra a dengue
A aposentada Eronisa aproveitou o sábado para levar o neto Miguel, de onze anos, tomar a vacina contra a dengue | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

COMPLEXIDADE

O secretário de Saúde lembrou que o atendimento de casos de dengue é complexo e tende a demorar mais. "Não é uma consulta em que o paciente é liberado do consultório. Ele passa pelo médico, via de regra o médico vai pedir um exame de sangue para acompanhar a evolução das plaquetas, e esse exame tem um tempo de processamento no laboratório, seja na rede pública, privada ou conveniada, e o paciente fica dentro da estrutura. Após o resultado do exame, o médico tem que ver o paciente de novo", explica.

Frente a esse cenário, Machado garante que a Saúde está se organizando e ampliando a escala médica e de enfermagem. Aos sábados, para desafogar os prontos atendimentos, a UBS Itapoã, na zona sul, está atendendo casos de dengue, assim como as unidades dos distritos de Lerroville e Paiquerê.