Às 14h em ponto, a vacinação começou no Shopping Boulevard, no centro de Londrina, com uma fila de pais e crianças ansiosos esperando por uma dose da vacina. Apesar do medo, a maioria das crianças entendia a importância de estar protegida contra a dengue. Dentre uma conversa e outra, teve gente que estava em um passeio no shopping e, por acaso, ficou sabendo da vacinação, aproveitando para garantir o imunizante das crianças entre 10 e 11 anos.

A zeladora Tereza Castro, 48, levou a filha Maria Clara Castro, de 10 anos, para receber a primeira dose do imunizante. Segundo ela, a iniciativa de realizar a campanha no shopping é uma boa sacada, ainda mais durante toda a tarde, já que muitos pais não conseguem levar os filhos durante a semana nos postos de saúde.

Ela conta que pegou dengue em janeiro e que "quase morreu" e, por isso, acha fundamental que a filha receba a vacina e esteja protegida. "Eu acho que tinha que ter para os adultos também porque é uma coisa que está alastrada, [a situação] está feia", opina, completando que os principais sintomas que teve foram a febre e a dor de cabeça que nunca ia embora. "Fiquei um mês inteiro ruim e fui até mandada embora do serviço por isso", afirma, citando que foram 12 dias de atestado.

Elogiando a ação, ela sugeriu que o mutirão fosse realizado todos os finais de semana, sendo cada dia em um shopping diferente para facilitar a locomoção das pessoas.

A animação da mãe também é compartilhada por Maria Clara, que garante que está ansiosa para tomar a vacina para prevenir a doença. "Eu não ligo [para a picadinha da vacina], não acontece nada [de dor]", afirma confiante.

Acompanhando o filho, Luiz Otávio Massambani, de 11 anos, a tutora eletrônica Romilda Massambani, 50, garante que é importante buscar a vacina por conta do número alarmante de casos de dengue. "Ainda mais para eles que são crianças porque [a doença] debilita mais e é uma dor insuportável", ressalta, acrescentando que ficou doente em 2019 e que as cores no corpo eram como se um "trator estivesse passado por cima".

Durante o dia, ela conta que não tem tempo de ir até uma UBS (Unidade Básica de Saúde), então a ação no shopping facilita, além de que a família já pode aproveitar para fazer um passeio. "Já sai um pouco de casa e já toma a vacina", conta.

A tutora digital pontua que as pessoas precisam ter mais consciência de suas ações, já que uma água parada em um vaso de flor já serve como criadouro para o mosquito transmissor da dengue. "Está muito difícil mesmo, [a situação] parece que piorou muito do ano passado para cá", opina, complementando que falta zelo da população no cuidado com a casa e com o quintal.

Massambani confessa que está ansiosa para a vacina abranger novas idades para que o outro filho, de 16 anos, também possa se proteger. "Para todos, na verdade, todo mundo precisa [da vacina]", afirma.

Estudante de enfermagem, Thais Victor Marques, 23, foi acompanhar a irmã do namorado, Marian Gonçalves, de 11 anos, na vacinação. Ela ressalta que a vacina é fundamental para proteger os pequenos, assim como também deve ser disponibilizada para os idosos, que são suscetíveis a quadros mais graves.

A estudante diz acreditar ser importante o fato de a vacinação ter começado pelas crianças, já que o mosquito precisa picar uma pessoa com o vírus para que exista a transmissão: "e a população de crianças em Londrina é bem grande". Segundo ela, a imunização das crianças já auxilia na redução da transmissão da dengue. "E criança tem uma vida toda pela frente e a gente sabe que é uma doença que pode, infelizmente, matar, então eu acho muito importante [a vacinação]", afirma. A pequena Marian Gonçalves, mesmo com um medo inicial, foi corajosa e pôde receber a tão esperada vacina.