A paralisação de professores e técnicos da rede estadual de ensino atingiu parcialmente as escolas de Londrina. Enquanto houve aulas em escolas da região central da cidade, unidades escolares da zona Norte ficaram sem aula na manhã desta segunda-feira (2).

Aluno entra para as aulas no colégio Gabriel Carneiro Martins
Aluno entra para as aulas no colégio Gabriel Carneiro Martins | Foto: Roberto Custódio

A Seed (Secretaria Estadual de Educação) do Paraná registrou, pela manhã. adesão parcial à paralisação em 126 escolas estaduais e adesão total em outras 36 das 2.143 unidades de ensino estaduais. Já no final da tarde um novo balançou apontou para adesão parcial em 281 escolas e total em 43 instituições de ensino. A assessoria de comunicação, entretanto, não respondeu quantas destas unidades estão localizadas em Londrina. “Lembrando que adesão parcial considera a ausência de professores e demais servidores administrativos e não significa, portanto, que os alunos ficaram sem atendimento”, esclareceu.

A paralisação é uma reação de servidores estaduais contra as medidas do governador Ratinho Júnior (PSD), que culminou com a proposta de alterações na previdência do funcionalismo público estadual – os trabalhadores reclamam de não ter havido debate com eles sobre as mudanças. Além da pauta comum, há questões segmentadas, como a LGU (Lei Geral das Universidades), que atinge os docentes universitários, ou o possível fim do ensino médio noturno.

Na UEL (Universidade Estadual de Londrina), entretanto, a paralisação surtiu menos efeito porque a instituição aplica a segunda prova da segunda fase do vestibular 2020 nesta segunda, mas deve haver paralisação nesta terça (3), avisaram os sindicatos que representam os professores e os técnicos administrativos.

De acordo com o presidente do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região), Ronaldo Gaspar, um grupo de docentes deve participar de um ato em Curitiba nesta terça ao lado de servidores de outras categorias. O Sindiprol/Aduel representa também os docentes dos campus de Apucarana da Unespar (Universidade Estadual do Paraná) e de Jacarezinho, Bandeirantes e Cornélio Procópio da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná). Também segundo Gaspar, os professores de Apucarana deliberaram por não aderir à greve.

Servidores técnico-administrativos da UEL também devem engrossar a manifestação desta terça-feira em Curitiba. De acordo com Arnaldo Mello, presidente da Assuel, as próximas assembleias vão ser realizadas na manhã e na tarde desta quarta-feira (4) no HU (Hospital Universitário) e na UEL, respectivamente.

Também por conta do vestibular, o Colégio Estadual Vicente Rijo não tem aula nesta segunda, mas as atividades devem retornar normalmente nesta terça, diz um aviso disposto no portão de entrada da administração. O IEEL (Insttuto de Educação Estadual de Londrina) também teve aula nesta manhã e a administração disse não poder avaliar, no início do período matutino, a adesão dos servidores.

Na zona norte, o Colégio Estadual José Carlos Pinotti teve adesão praticamente total – apenas alguns funcionários plantonistas permaneceram em atendimento em caso de comparecimento de estudantes. Também na zona norte, o Colégio Estadual Lúcia Barros Lisboa funcionou nesta segunda apenas para a entrega de leite para famílias de baixa renda. Segundo a direção, apenas cinco professores e alguns alunos compareceram para as aulas, mas os estudantes foram dispensados porque não havia condições de manter os trabalhos sem os funcionários que dão apoio no funcionamento da escola.

Aguardando a entrega do leite, as mães Ana Paula Matos e Neli Ramos de Paula disseram que apoiam o movimento dos professores, mas acreditam que, se houver prejuízo para os alunos, o movimento perde o apoio da população. “Se os estudantes tiverem de vir para a aula no sábado, seriam prejudicados”, exemplifica Neli. “Mas é o direito do professor [entrar em greve]”, complementa Ana Paula.

Aguardando o horário de entrada, Samuel Gustavo Passos Santos, aluno do 2º B do Colégio Estadual Dr. Gabriel Carneiro Martins, na zona oeste de Londrina, disse que os professores informaram da paralisação, mas que não haveria greve na unidade em que estuda. “[Parar] A essa altura do ano, é por isso que a maioria não vai aderir, pai nenhum vai apoiar. E, se começar a fazer greve agora, [os contrários ao movimento] vão dizer que é por conta das férias”, avalia.

Por outro lado, ele reconhece que os professores da rede pública não são valorizados como deveriam. “E o governo demonstra que não está ligando para isso”, diz outro aluno, que não quis ser identificado. Para ele, o descompromisso do Estado com os profissionais do ensino prejudica a própria população. “As pessoas que precisam de ensino público não terão acesso a todos os seus direitos por não terem recebido a formação necessária”, conclui.