Londrina tem 27 casos em tramitação
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quinta-feira, 21 de junho de 2018
Lais Taine<br>Reportagem Local
De acordo com Ronaldo Costa Braga, promotor da Vara Maria da Penha em Londrina, a tipificação do feminicídio torna os crimes contra as mulheres "mais visíveis". Desde que a lei entrou em vigor, aponta ele, o município tem a preocupação de fazer o registro correto. Em 2015, oito casos consumados (quando há morte) ou tentados (tentativa de morte) foram registrados na cidade.
"A lei veio para dar mais visibilidade aos crimes de morte contra a mulher, enfatizando os casos em que a mulher é morta por conta de sua condição de ser mulher. Segundo ponto, houve aumento de pena nesses casos. A violência contra a mulher é diferente da violência comum", defende o promotor. Em 2017, a cidade teve 12 casos e em 2018 foram 3 casos registrados até agora.
A juíza da Vara Maria da Penha em Londrina, Zilda Romero, concorda que a terminologia possibilitou a melhor análise das estatísticas e intensificou o combate a esse tipo de crime. A pena para quem comete feminicídio vai de 10 a 30 anos, com agravante se ocorrer na presença dos filhos, pais ou em caso de vítima grávida, por exemplo.
Romero afirma que as denúncias estão aumentando. "A gente recebe uma média de 50 boletins de ocorrência de violência contra a mulher por semana. Mais de 2.600 vítimas já pediram medida protetiva, algumas são encaminhadas para o abrigo. Hoje, tenho em tramitação 27 casos de feminicídio. É um número alto. A violência doméstica está crescente e no meio de tudo isso ocorre o feminicídio", afirma.
Segundo a juíza, Londrina possui estrutura para apoiar as vítimas de violência familiar, citando órgãos, entidades e projetos que protegem as vítimas. Mesmo assim, a magistrada destaca que não adianta ter alteração da lei e operação adequada se não houver prevenção. "As mulheres precisam se sentir encorajadas, têm que denunciar e temos que formar nossas crianças para serem adultos não machistas e não crescerem achando que são donos das mulheres", defende.
Mulheres que sofrem violência podem procurar ajuda por meio do número 153, da Guarda Municipal, ou 190, da Polícia Militar.(L.T.)