Depois de atravessar um período de queda no ritmo de aplicação das vacinas contra a Covid-19, o Paraná deverá registrar números totais de vacinação diária um pouco maiores nos próximos dias em decorrência do envio de mais de 360 mil doses às 22 Regionais de Saúde. A distribuição foi programada para ocorrer entre quinta (1º) e sexta-feira (2) e, após um acordo firmado pelo Cosems-PR (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná), 99,7% destas doses serão destinadas à vacinação do público em geral.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina recebe novos lotes de vacinas contra a Covid-19
| Foto: Gustavo Carneiro

De acordo com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), se o Ministério da Saúde cumprir a promessa de colocar 120 milhões de doses à disposição dos Estados até o final de agosto, o Paraná terá conseguido imunizar até 80% da população adulta até o dia 31. Só para se ter uma ideia do tamanho do desafio, o Estado chegou ao fim do mês de junho com apenas 11,7% da população completamente imunizada.

A 17ª Regional de Saúde de Londrina deverá receber 24.450 doses da vacina AstraZeneca e 7.332 da Pfizer já nesta sexta-feira. Destas, 13.850 e 4.152, respectivamente, ficam em Londrina e o restante será distribuído aos outros municípios. O município também poderá contar com 54 doses da Pfizer que servirão para universalizar a vacinação dos servidores das forças de segurança e salvamento na cidade.

“Vamos sair um pouco do quesito dos grupos prioritários, vamos dar a oportunidade para quem estava mais abaixo subir um pouco mais e quem estava mais acima vai continuar recebendo, mas não o mesmo quantitativo, um pouco menos. Marcamos a data de 31 de agosto para que todos os municípios cheguem a pelo menos 80%”, afirmou à reportagem o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Questionado sobre a real capacidade diária de vacinação do Paraná, o secretário avaliou que o número poderia chegar a 200 mil doses por dia caso todas as 1.850 salas de vacinação pudessem contar com equipes experientes e com capacidade para vacinar até 300 pessoas por dia. No entanto, esse cenário ideal ainda não ocorre em 100% dos municípios. “Existem dias em que há mais escassez, quando os municípios estão acabando de aplicar, é de 20 mil a 30 mil doses (por dia). Nos dias em que a vacina chega, até 70 mil doses já fizemos no mesmo dia”, reafirmou.

Por outro lado, o levantamento do total de doses aplicadas pelos Estados, de acordo com o Portal G1, mostra que o Paraná está atrás do Rio Grande do Sul e praticamente empatado com Santa Catarina na corrida pela aplicação das segundas doses. O Paraná chegou ao final de junho tendo aplicado apenas 18,37%, contra 21,91% do RS e 18,71% de SC. Já quando entra em questão a velocidade de aplicação das primeiras doses o Paraná sai do terceiro lugar entre os estados do Sul para assumir a ponta, já que aplicou até o fim de junho 59,66% das primeiras doses recebidas, contra 59,4% em Santa Catarina e 55,77% no caso dos gaúchos.

“A capacidade de vacinação é muito grande, os municípios têm expertise, preparo, os insumos estamos passando. Claro, se tivesse mais doses de vacina, andaria bem mais rápido”, disparou. Desde o início da pandemia, gestores da Saúde são obrigados a seguirem o que determina o PNI (Plano Nacional de Imunizações).

Enquanto o governador Ratinho Junior (PSD) prorrogou por mais 30 dias as medidas restritivas no Estado, a Sesa decidiu manter suspensas as cirurgias eletivas até o dia 15 de julho em instituições públicas e privadas. O objetivo é garantir que não faltem os medicamentos do “kit intubação”, como sedativos e bloqueadores neuromusculares, para os pacientes com Covid-19 que necessitam da ventilação mecânica.

“Este é o objetivo deste momento da medicina. Nós damos um reforço no estoque de 73 hospitais da rede Covid-19 Paraná porque todos os fabricantes e seus representantes, quando participam de uma licitação eles prometem entregar, mas não tudo junto, eles entregam parcelado. Isso acaba atrapalhando a logística lá na ponta, no médico”, explicou.

Depois de registrar um “pico” de contaminação em março, quando o índice de transmissão da Covid-19 atingiu 1,58, o estado conseguiu derrubar a taxa para 0,76 no dia sete de abril. No entanto, voltou a registrar a mais alta taxa de contaminação no País no final de junho, 1,48. O resultado equivale a dizer que a cada 100 pessoas infectadas tiveram a capacidade contaminar outras 148 neste período. Estes dados são da plataforma Loft Science e mostram que, desde o dia 29 de junho, o Paraná é a segunda unidade da Federação que registra a maior taxa de contaminação, atrás apenas do Rio Grande do Norte.

Conforme o boletim divulgado nesta quinta-feira, o Estado alcançou 1.285.929 casos confirmados e 30.770 óbitos em decorrência da doença. Foram 7.878 casos e 231 mortes a mais em comparação com os números desta quarta-feira. Mesmo com altos números de novos casos, a avaliação da Sesa é positiva porque “com o advento da vacinação, continuamos explodindo o número de casos, mas são casos mais leves”, avaliou o secretário. De acordo com ele, hoje em dia, a fila de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para o tratamento da Covid-19 no Paraná possui menos de 200 pessoas.

“Nossa capacidade de ‘giro’ diário é de 350, 400. Se temos 200, não tem fila, porque nós estamos girando para entrar. Pode demorar uma hora, 12 horas, mas eles vão entrar em algum leito hospitalar. Isso demonstra que estamos em queda”, avaliou.

PR registrou circulação de 24 variantes da Covid-19

O Paraná já registrou a presença de 24 variantes da Covid-19 desde o início da pandemia. A informação foi confirmada e divulgada pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) após o envio de testes RT-PCR para o sequenciamento genômico na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e Funed (Fundação Ezequiel Dias). O monitoramento da presença das novas cepas é feito com amostras de testes RT-PCR escolhidas aleatoriamente e enviadas a cada 15 dias pelo Lacen-PR (Laboratório Central do Paraná). De acordo com o Secretária de Estado da Saúde, Beto Preto (PSD), os casos mais "preocupantes" ainda são os da variante indiana, descoberta em Apucarana há três semanas.

De acordo com a análise, houve predominância das variantes do Rio de Janeiro (“zeta” ou P.2) e amazônica (“gama” ou P.1). Só para se ter uma ideia, 536 dentre 599 resultados analisados foram referentes à P.1, cepa que começou a se alastrar em janeiro. Já no caso da P.2, foram 92 amostras identificadas desde outubro do ano passado. No entanto, outras 78 amostras da B.11.28, considerada uma linhagem da P.2, também foram detectadas. “Alguns estudos apontam que essa variante tem maior potencial de transmissão, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde uma das de maior preocupação", explicou Irina Riediger, diretora técnica do Lacen.

Além de confirmar recentemente a presença da variante delta (indiada), os resultados também já haviam apontado a circulação da variante B.11.33, o que ocorre no estado desde março de 2020, e B.11.17, esta desde fevereiro deste ano. “Isso não quer dizer nada", tranquilizou Beto Preto.

Entre os municípios que mais registraram a circulação da P.1 estão Apucarana, Curitiba, Maringá, Londrina, Arapongas, Ponta Grossa e Cascavel.

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