Imagem ilustrativa da imagem Londrina perde posições em ranking nacional de saneamento
| Foto: Sanepar/Divulgação
Imagem ilustrativa da imagem Londrina perde posições em ranking nacional de saneamento
| Foto: Prefeitura Municipal de Maringá

Os índices de saneamento básico no Brasil mostram que Maringá vem evoluindo ano a ano na oferta dos serviços de água e esgoto. O município mais populoso do Noroeste paranaense conquistou a segunda colocação no Ranking do Saneamento, divulgado nesta segunda-feira (22) pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados. Na classificação de 2021, Maringá só fica atrás de Santos, no litoral paulista. Em 2019, o município ocupava a quarta colocação e, no ano passado, figurava em terceiro.

Pelo levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil, 99,99% dos moradores de Maringá têm acesso à água tratada, sendo 100% da população da zona urbana. Em relação à coleta de esgoto, o serviço está disponível a 99,98% dos habitantes, atendendo 99,99% da área urbana. O indicador de esgoto tratado por água consumida é de 100%.

Londrina segue na contramão. Em 2019, a segunda maior cidade paranaense ocupava a 15ª posição no Ranking do Saneamento, no ano passado subiu para a 13ª colocação e, neste ano, perdeu quatro posições e caiu para o 17º lugar, logo atrás da capital, Curitiba. Londrina tem 99,99% da água tratada e 99,98% de coleta de esgoto. O percentual de tratamento de esgoto para o volume de água consumida é de 90,81%.

Em nota enviada pela sua assessoria de imprensa, a Sanepar, estatal responsável pelo serviço de saneamento em 345 dos 399 municípios paranaenses, observou que o ranking divulgado nesta segunda-feira confirma rankings anteriores realizados pelo próprio Instituto Trata Brasil e também pela Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária). A empresa de saneamento avalia que os indicadores apontam que “o Paraná vem se consolidando como um estado onde as cidades têm um elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e consequentemente um elevado índice de qualidade de vida, em função da oferta de água potável para 100% da população urbana e um alto rendimento de rede coletora e de sistema de tratamento de esgoto”, disse a Sanepar.

Além da extensão da rede de saneamento e do volume de esgoto tratado, o ranking considera ainda outras variantes, como os investimentos feitos no setor, a arrecadação dos últimos cinco anos e o índice de perdas na distribuição.

EVOLUÇÃO TÍMIDA

Os indicadores apurados pelo Trata Brasil revelam uma evolução gradual nos índices de saneamento no País, mas ainda muito lenta. Em sete anos, a população com acesso à rede de água subiu apenas um ponto percentual. Em 2012, eram 82,7% dos brasileiros recebiam água tratada em casa contra 83,7% em 2019. Nas cem maiores cidades, a alta foi ainda menor, passando de 93,45% em 2012 para 93,51% em 2019.

Em sete anos de comparação, o País saiu de 48,3% da população com rede de esgoto para 54,1% em 2019, crescimento inferior a seis pontos percentuais. Nos cem maiores municípios, a evolução foi ainda mais tímida, subindo de 69,39% para 74,47%.

Os dados sobre o tratamento de esgoto são um pouco melhores. Em 2012, o País tratava 38,7% do esgoto gerado e foi para 49,1% em 2019, enquanto nos maiores municípios o índice subiu de 48,8% para 62,17%.

SEM ACESSO

No Brasil, segundo o ranking, quase 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, sendo 5,5 milhões nas cem maiores cidades brasileiras. Quando se observa a coleta de esgoto, os números são ainda piores. Nos maiores municípios, 21,7 milhões de habitantes não são atendidos por esse serviço. O Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa despejar na natureza, todos os dias, um volume equivalente a 5,3 mil piscinas olímpicas de dejetos sem tratamento. Nas cem maiores cidades brasileiras, em 2019, descartou-se um volume correspondente a 1,8 mil piscinas olímpicas diárias.

AS PIORES

Entre as piores posições no ranking, pela primeira vez se encontra Macapá, que obteve a pior nota. Apenas 38,36% dos moradores da capital do Amapá contam com o serviço de tratamento de água e a coleta de esgoto chega a 10,98% da população. Porto Velho (RO), Ananindeua (PA), São João do Meriti (RJ) e Belém (PA) completam a lista das cinco piores classificadas.

Presidente do Trata Brasil, Édison Carlos chama atenção para o abismo que cada vez mais separa as cidades nas primeiras e nas últimas posições do ranking. “Vimos com preocupação que os municípios melhor colocados se mantêm entre os que mais investem, enquanto as cidades que mais precisam evoluir persistem com baixos investimentos em água e esgotos. Se nada mudar, ampliaremos a noção de termos dois ‘Brasis’... o dos com e o dos sem saneamento”, disse.

A falta de saneamento, ressaltou Pedro Scazufca, tem reflexos negativos não só na saúde pública, com o risco maior de disseminação de doenças, e respinga também em outros setores, como a economia e o meio ambiente. “Locais com falta de saneamento são mais desvalorizados e quando você polui mais os rios, isso pode afetar o turismo, afetando a balneabilidade de praias.”

MARCO LEGAL

Pelas metas previstas no Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico), de 2014, a universalização dos serviços de água, esgoto e lixo deveria acontecer até 2033, mas especialistas acreditam que esse prazo deverá ser estendido para 2050. “Mantido esse ritmo de investimentos, a gente não vai alcançar a universalização no prazo. Mas a expectativa positiva com o novo marco é que o melhor planejamento dos serviços e a melhoria da regulação deve dar mais segurança para que tenha o capital investido no setor, aumentando o patamar de investimentos”, disse Scazufca.

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