O dia no Centrolab (Laboratório Municipal de Análises Clínicas) foi de muita choradeira para as crianças e de alívio para os pais. A Secretaria Municipal de Saúde iniciou, neste sábado (19), a vacinação contra a Covid-19 para o público entre seis meses e dois anos e 11 meses de idade. A distribuição das doses da Pfizer Baby estava marcada para começar às 8h30, mas teve gente que chegou bem antes do horário para garantir a imunização, mostrando que a conscientização e a informação são o primeiro e principal passo para o combate à pandemia.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina inicia vacinação contra Covid em crianças a partir de 6 meses
| Foto: Simoni Saris - Grupo Folha

A vendedora Vanessa Luzia de Oliveira trabalha no comércio, tem contato com muitas pessoas todos os dias e uma grande preocupação para ela sempre foi proteger a família do novo coronavírus. Ela e o marido agendaram a segunda dose de reforço para este sábado, o filho mais velho, de 14 anos, já recebeu três doses, mas faltava o caçula, Pietro, de dois anos e oito meses. A vez dele chegou agora e a mãe se disse aliviada por poder imunizar o pequeno, o primeiro da fila no Centrolab.

“Eu estava esperando. Estava ansiosa pela minha quarta dose, ansiosa para imunizar logo o mais velho porque ele vai para a escola. A gente se cuida, mas eu não sei o próximo. Quando vi no jornal que tinha liberado para menores de três anos, já fiz o agendamento para o Pietro”, contou Oliveira. “A máscara e o álcool gel estão na bolsa. Graças a Deus a Covid passou longe da minha família, mas a gente tem que se cuidar e a vacina é um meio de a gente se proteger um pouco mais.”

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| Foto: Simoni Saris - Grupo Folha

Gael, de dois anos e seis meses, também aguardava a sua vez de tomar a primeira dose da vacina. A mãe, a designer de sobrancelhas Karina Conceição de Alencar, havia agendado para tomar a quarta dose no mesmo dia, mas desmarcou para priorizar o filho, ainda desprotegido e frequentador de uma creche. “Em setembro, assim que abriu o cadastramento para a idade dele eu já fiz. Quando anunciaram que teria vacinação disponível hoje, resolvi aproveitar a oportunidade. Desmarquei a minha para trazer ele. A minha eu tomo depois, durante a semana.”

Alencar lembrou dos tempos mais difíceis durante a pandemia. O pai dela, antes de ser imunizado, foi contaminado, teve complicações e precisou ser intubado. Sobreviveu, mas com a vacina, acredita ela, as chances de agravamento da doença são menores. “Se as pessoas tivessem recebido a vacina antes, tinha diminuído o número de mortes no Brasil. Muitas pessoas faleceram por causa do atraso na vacinação. Eu e meu marido já temos as três doses, só faltava o Gael e não via a hora de liberar. Se acontecer alguma coisa com ele, será negligência minha porque eu sou a responsável e confio muito na vacina. Se tem disponível, vamos vacinar.”

BAIXA PROCURA

O início da manhã de sábado foi bem movimentado no Centrolab, mas a procura está abaixo do esperado. Das cerca de oito mil crianças entre seis meses e três anos incompletos que vivem em Londrina, apenas mil foram cadastradas. E mesmo entre as cadastradas, os agendamentos foram menores do que a expectativa do município. A Secretaria Municipal de Saúde disponibilizou 300 vagas, mas apenas 150 foram preenchidas. “Infelizmente, a procura deste sábado ainda não está como esperávamos”, disse o secretário de Saúde, Felippe Machado.

O município recebeu 790 doses da Pfizer Baby e, a partir de segunda-feira (21), a distribuição da vacina será descentralizada e feita em todas as unidades básicas de saúde, obedecendo a uma logística por região. Estarão abertas 400 vagas para essa faixa etária. “É o número de vacinas que temos disponíveis. O planejamento é feito de acordo com o número de vacinas recebidas. A expectativa é que terça ou quarta-feira o Estado faça um novo envio e, assim, poderemos aumentar as vagas”, explicou Machado.

“A gente tem observado ao longo da campanha que quando abrimos um grupo populacional, especialmente as crianças, no começo é um pouco baixo, mas nos dias seguintes a gente observa um aumento e nossa expectativa é que isso aconteça agora, com essa nova faixa populacional.”

O secretário de Saúde reforçou a importância da imunização, especialmente em razão da proximidade das festas de final de ano. “As crianças não têm autonomia ainda para irem sozinhas a uma unidade de saúde. Por isso, a necessidade de conscientização dos pais, mães e responsáveis para garantir o direito dessas crianças.”

CONSCIENTIZAÇÃO

Machado criticou a veiculação de fake news, que prejudica a adesão à campanha. “Nunca tivemos medo de vacinar nossos filhos. As nossas gerações todas tomaram todo tipo de vacina sem nenhum tipo de questionamento justamente por saber que o Brasil tem o maior e melhor programa de vacinação do mundo e foi com esse programa que conseguimos erradicar doenças como o sarampo e a paralisia infantil.”

Ele destacou a segurança e a eficácia do imunizante contra a Covid-19 para todas as faixas etárias e lembrou que a vacina só é ofertada com a chancela da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após aprovação em todas as análises técnicas e científicas. “As pessoas precisam parar de cair em fake news, parar de se basear em informações que não têm o mínimo cunho científico, veiculadas por pessoas desinformadas e, muitas vezes, mal intencionadas que acabam gerando grandes transtornos aos profissionais de saúde. O reflexo disso é muito ruim. A gente não pode esquecer que foi a vacina que fez a gente atravessar o pior da pandemia.”

Aumento do número de casos acende alerta na Saúde

Neste sábado (19), a Secretaria Municipal de Saúde também contabilizou dez mil agendamentos para a vacinação da dose de reforço contra a Covid-19 da população entre 18 e 39 anos de idade. As doses estão sendo distribuídas em 16 unidades básicas de saúde, das 7 às 19 horas. Ao longo da próxima semana, outras 4,5 mil vagas serão ofertadas em todas as unidades de saúde, da zona urbana e rural. Os agendamentos já foram liberados no site da prefeitura (www.londrina.pr.gov.br).

O município calcula em 80 mil o número de pessoas aptas a receberem a segunda dose de reforço. Com o aumento do número de casos registrado nos últimos dias, afirmou o secretário Felippe Machado, a procura pelo imunizante também cresceu. “Com esse aumento do número de casos, nós temos a obrigação de oportunizar o acesso o mais rápido possível, especialmente para as pessoas que buscam a primeira dose de reforço, para que a gente não corra o risco de uma nova onda e novas lotações em serviços de saúde. Para hoje (sábado), abrimos dez mil vagas e rapidamente essas vagas foram preenchidas.”

No dia 11 de novembro, o boletim semanal da Covid-19 divulgado pelo município apontava 78 novos casos confirmados. Na sexta-feira (18), foram 419. “Liga o sinal de alerta e faz a gente entender que aumentou a circulação da Covid-19 na cidade. Não há uma maneira mais eficiente e mais segura de proteção contra a Covid19, senão a vacinação. É muito importante que as pessoas se vacinem”, orientou Machado.(S.S.)

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