Londrina está entre municípios preparados para desastres
Estudo mostra que 210 cidades paranaenses tem plano de contingência “muito alto” para catástrofes geo-hidrológicas
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 07 de junho de 2024
Estudo mostra que 210 cidades paranaenses tem plano de contingência “muito alto” para catástrofes geo-hidrológicas
Franciely Azevedo - Especial para a FOLHA
Londrina está entre os 210 municípios paranaenses que têm um plano de contingência “muito alto” para desastres geo-hidrológicos em caso de enchentes, inundações e enxurradas. Os dados constam no Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças do Clima, plataforma criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em 2020.
O monitoramento conta com cinco indicadores que vão do “muito alto” ao “muito baixo”. Segundo o levantamento, 52,63% dos municípios do estado estão preparados caso algum evento ocorra em razão de fortes chuvas. Os outros 47,37% não têm plano de contingência. Nessa fatia, entram três cidades próximas de Londrina: Cambé, Rolândia e Apucarana.
“Os municípios no geral não se preparam para uma quantidade de chuva tão grande quanto a que temos recebido por conta das mudanças climáticas. Em relação ao Paraná, esse estudo mostra que mais da metade tem uma infraestrutura mais preparada no caso de acontecer um desastre de grandes proporções, como o que a gente tem visto acontecer no Brasil nos últimos anos”, disse Rafael Zampar, doutor em Ciências Ambientais do Centro Universitário Integrado.
O especialista explicou à FOLHA que, embora existam municípios na região de Londrina sem um plano de contingência, essa área do estado é beneficiada pelas condições geográficas, o que diminui a chance de tragédias como a que atingiu o Rio Grande do Sul.
“A gente tem uma região aqui no Norte do estado que é bastante privilegiada do ponto de vista das enchentes e inundações. O relevo da cidade de Londrina e de muitas cidades da região é muito acidentado, então temos regiões muito mais altas na cidade que fazem com que o próprio escoamento da água seja naturalmente mais fácil de acontecer. Isso torna Londrina – e a região – uma cidade que tem menor risco de sofrer com esses impactos referentes a grandes cheias e enchentes. Temos nessa nossa região municípios privilegiados do ponto de vista do risco a impactos de inundações, enchentes e enxurradas muito frequentes“, afirmou.
Apesar disso, os eventos envolvendo chuvas na região Norte do estado não estão descartados. O que ocorre, conforme Zampar, é que o impacto é diferente
“Nós temos visto que as mudanças climáticas estão causando eventos extremos, principalmente de chuva extrema. É praticamente inevitável que a gente vá passar por isso. As cidades da região de Londrina, apesar de muito preparadas e de ter um relevo favorável, vão sofrer de alguma forma em maior ou menor grau esses impactos. Existe essa preocupação que ao acontecer esses episódios já exista um plano para minimizar desastres”, considerou.
Zampar reforçou que para diminuir a intensidade dos eventos climáticos é necessário que a sociedade pense individualmente no todo.
“Nós temos emitido mais gases de efeito estufa que têm causado esse desequilíbrio no clima, provocando o aquecimento global, e isso tem trazido esses eventos climáticos extremos. Por isso, é importante que cada um faça sua parte. Chamamos de pegada ecológica, quando cada um cuida do ambiente reduz a sua pegada ecológica, ou seja, reduz o impacto que você mesmo está causando no planeta”, finalizou.