Londrina tem enfrentado uma superlotação de seus leitos. Segundo a superintendente do HU/UEL (Hospital Universitário da UEL), Vivian Feijó, o hospital está com 75% de ocupação dos leitos de UTIS Covid e está sem vagas para pacientes que exigem isolamento. “É importante falar que os leitos da UTI geral estão com uma taxa de ocupação de 112%, ou seja nós temos demanda reprimida para leitos de UTI geral. Nos leitos de Covid, o HU dispõe de 66 leitos e nem todos possuem isolamento para pacientes com diagnóstico positivo", apontou.

Londrina tem enfrentado uma superlotação de seus leitos. Segundo a superintendente do HU/UEL (Hospital Universitário da UEL), Vivian Feijó, o hospital está com 75% de ocupação dos leitos de UTIS Covid e está sem vagas para pacientes que exigem isolamento.
Londrina tem enfrentado uma superlotação de seus leitos. Segundo a superintendente do HU/UEL (Hospital Universitário da UEL), Vivian Feijó, o hospital está com 75% de ocupação dos leitos de UTIS Covid e está sem vagas para pacientes que exigem isolamento. | Foto: Marcos Zanutto/ Arquivo Folha

Segundo ela, para cuidar das pessoas que se internam ali, os pacientes são agrupados em UTIs de isolamento individual e em leitos que eles chamam de corte. "Agrupamos pacientes que saíram do período de transmissão e ainda precisam de terapia intensiva dentro de todo o protocolo institucional estabelecido”, explicou. “Eu só tenho para Covid para pacientes que já passaram do período de transmissão da doença. Um paciente Covid-19 fica de 15 a 30 dias na terapia intensiva. Dos 14 aos 21 dias, quando têm PCR de controle, realocamos para outra UTI de forma a otimizar os leitos de isolamento individuais para pacientes novos que dão entrada no hospital”, destacou.

“Na UTI 4 são 10 leitos exclusivos individuais. Na UTI 1 eu tenho sete leitos de isolamento individual. Na UTI 2 tenho quatro leitos de isolamento individual. Na UTI sete tenho leitos corte de pacientes com diagnóstico positivo fora do período de transmissão. Nas UTIs 5 e 6 são pacientes que já saíram do isolamento, mas que ainda tratam de suas complicações pós- covid e ainda precisam de terapêutica de UTI”, destacou.

Sobre a resolução da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná) de suspender cirurgias eletivas, ela explica que o HU de Londrina tem uma posição estratégica na rede de atenção de urgência e emergência tanto a nível de regulação do Samu e Siate quanto para a regulação da central de leitos relacionada à macrorregião Norte. “Então além de ser destacado desde março para o enfrentamento da pandemia, nós não deixamos de receber na porta de entrada as diversas urgências nas diversas especialidades que o hospital ocupa seu credenciamento: na neurointervenção, na cardiologia intervencionista, na hematologia, no trauma buco-maxilar, na cirurgia infantil pediátrica, bem como em outras especialidades nas quais temos porta aberta, inclusive no pronto socorro”, destacou.

De acordo com Feijó, a demanda de cirurgia chega na porta de urgência. “Mesmo que tenhamos retomado somente dentro dos critérios as cirurgias essenciais, por parte da autorização do decreto do governo que é a cardiologia, a oncologia e a urologia, o hospital não deixou de fazer esse atendimento na porta e tem uma programação diária de cirurgias eletivas programadas que são admitidas pela urgência”, afirmou.

Ela explicou que muitas vezes essas cirurgias eletivas emergenciais não são realizadas dentro de 24 horas, mas em 48 horas. “Elas precisam ser programadas e realizadas. Esse decreto vem solidificar e reiterar que as eletivas programadas devem esperar mais um tempo. O hospital se encontrava em um momento de reorganização para dar andamento a essas cirurgias eletivas que até então estavam suspensas. Neste momento a gente regride um pouco no plano de contingência e espera que os números da pandemia diminuam para que a gente possa retomar esse plano que estava sendo elaborado.”

A superintendente diz que vê o aumento do número de casos em Londrina e no Estado com preocupação. “Curitiba retomou várias estratégias restritivas. Vejo que Maringá teve um crescimento abrupto que gerou uma escassez de leitos, bem como em outras cidades do Paraná. Londrina vem apresentando crescimento de casos nas últimas duas semanas”, observou. “Eu vejo que de certa forma as pessoas se cansaram do distanciamento social, mas ele precisa ser feito. Não digo isso no sentido de ver que a capacidade produtiva tenha que ser interrompida, mas que priorizem o trabalho e compromissos inadiáveis e deixem de ir a festas e grandes aglomerações. A gente sabe que é isso que proporciona a disseminação da doença”, destacou. Ela ressaltou que isso é fruto do pós-feriado e do pós-eleição. “As pessoas estão passeando mais, se divertindo mais, os parques foram abertos e outras questões sociais foram abertas e isso são sugestões do que pode estar impactando, mas é perceptível um aumento crescente do número da doença no município de Londrina. Eu não tenho dúvida que as aglomerações intensas proporcionam uma proliferação maior do vírus, porque é um momento em que as pessoas relaxam, se divertem. Nós somos acalorados. A gente se abraça, chega perto. O brasileiro é do toque. A gente não pode deixar de reafirmar o uso da máscara, o distanciamento social de dois metros entre as pessoas, a lavagem das mãos. Fazer festa é bom e todo mundo quer ficar perto de quem gosta, mas neste momento temos que cuidar."

“Londrina vem de um momento em que estávamos em um platô e retomamos um crescimento diário de números positivos em relação ao potencial de contaminação da doença e número de positivos registrados em Londrina.”, criticou Feijó. "Londrina precisa se atentar e o seu comportamento precisa ser revisto. A gente precisa segurar um pouco a pandemia”, apontou.

A reportagem procurou o Secretário Municipal de Saúde, Felippe Machado, para comentar sobre o assunto, mas ele não retornou o pedido.