Imagem ilustrativa da imagem Londrina é primeira em coleta de lâmpadas fluorescentes usadas
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Passados dois anos desde que aderiu ao Programa da Reciclus (Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa), Londrina alcançou em setembro deste ano o primeiro lugar na lista de municípios paranaenses que apresentam maior efetividade na coleta de lâmpadas fluorescentes usadas em domicílios. Arapongas, Cambé e Rolândia, todos na Região Metropolitana de Londrina, também aparecem entre as 20 cidades do estado com os melhores resultados no período.

De acordo com a Reciclus, mais de 507,2 mil unidades foram coletadas em Londrina até setembro deste ano. Atualmente, a cidade conta com 47 pontos de entrega, entre supermercados, lojas de materiais de construção e eletroeletrônicos. A lista de pontos de coleta pode ser consultada em https://reciclus.org.br/lista-de-pontos-de-coleta/ .

O trabalho de "convencimento" foi feito a partir de julho de 2018 pela Sema (secretaria municipal do Ambiente) já que, até então, apenas cinco pontos haviam sido instalados na cidade, contou Mariza Pissinati, geógrafa do órgão e uma das articuladoras do projeto. Mesmo possuindo mais do que o dobro de habitantes, e com apenas 29 pontos de coleta, Curitiba recolheu 491,3 mil unidades no período. Em seguida aparecem Maringá, no Noroeste (193,6 mil), Cascavel, no Oeste (157,4 mil) e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (124 mil).

ACORDO SETORIAL

Para a implantação dos pontos de coleta foram levados em consideração critérios como número de habitantes, área urbana, densidade populacional, domicílios com energia elétrica, poder aquisitivo, infraestrutura viária e acessibilidade. Desta forma, 1.966 pontos em 450 municípios brasileiros estão em funcionamento. Essas regras foram definidas no final de novembro de 2014, quando um acordo setorial entre entidades importadoras, empresas fabricantes e o Ministério do Meio Ambiente foi firmado.

Atualmente, o estado que coleta o maior número de unidades usadas é São Paulo. Em seguida vêm Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, informa a Reciclus. Mas nesta “competição” não existem perdedores e, mesmo com os bons resultados, ainda há muito o que avançar. "Algumas pessoas ainda não sabem que existem pontos de coleta", lamentou a servidora da Sema.

PROJETO-PILOTO

Por conta disso, Londrina está escalada para dar início em 2021 a uma nova etapa do programa, que irá promover a coleta diretamente nos condomínios. Por enquanto, trata-se de um projeto piloto que vai ser implementado também em Curitiba e, por aqui, contará com uma parceria com a UEL (Universidade Estadual de Londrina).

"O condomínio ficaria responsável por armazenar. Obviamente vamos entregar um manual de boas condutas, com explicações de como manusear e armazenar. Eles colocariam uma pessoa responsável e quando se der 80% dos compartimentos de lâmpadas cheios, eles agendariam a coleta", explicou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus.

Criada para atuar como entidade gestora do processo, a Reciclus conta com 99 empresas associadas, dentre importadores e produtores de lâmpadas fluorescentes, e busca promover o sistema de logística reversa envolvendo toda a cadeia produtiva e a sociedade a fim de eliminar possíveis danos ambientais devido ao descarte irregular das lâmpadas.

LOGÍSTICA REVERSA

De acordo com a entidade, que é fruto da união da Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação) com a Abilumi (Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Produtos de Iluminação), 1,7 milhão de quilos de lâmpadas domiciliares já foram coletados em todo o País. Até 2014, quando da assinatura do acordo setorial, apenas 4% do que era vendido acabava sendo destinado corretamente.

“E depois do surgimento da Reciclus, torcemos para um aumento. Vamos aprendendo a cada ano, obviamente temos que melhorar, tem muitas lâmpadas estocadas e buscamos garantir que elas sejam recicladas até que todas sejam substituídas por Led”, avaliou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus.

Em Londrina, embora a quantidade de lâmpadas fluorescentes tubulares encontradas no aterro sanitário tenha caído bastante, ainda é possível melhorar a eficiência da logística reversa, avalia a geógrafa da Sema, Mariza Pissinati. Conforme vem constatando, muitos londrinenses ainda não conhecem os pontos de entrega.

CADEIA PRODUTIVA

No caso das lâmpadas, mesmo possuindo uma pequena quantidade de mercúrio e sódio, o produto, se descartado em córregos e outras áreas, pode ser muito perigoso à saúde. O assunto é “repetitivo”, avaliou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus, mas "é importante que seja falado, pois as lâmpadas têm na sua composição um metal (mercúrio) persistente que ataca o sistema neurológico". "Ele perdura na cadeira alimentar." lembrou

Após coletado, o material segue para uma descontaminação e pode retornar à cadeia produtiva, o que atende a um preceito básico da economia circular e evita custos com energia e nova matéria-prima. No caso do vidro, a areia e o calcário. Outros materiais utilizados nas lâmpadas, como o alumínio também podem ser reutilizados.

Questionada sobre como está a eficiência da logística reversa de outros produtos na cidade, a servidora da Sema, Mariza Pissinati, lembrou que o maior desafio para se controlar são as embalagens, como as dos alimentos como salgadinhos. No entanto, "não se tem pleno controle sobre pneus e agrotóxicos", elencou como um problema em nível estadual e nacional.

Por conta disso, avalia que projetos que promovam a educação ambiental e busquem facilitar até mesmo a "visualização" do caminho que o lixo percorre são sempre bem-vindos. "Muitas pessoas não têm ideia de que isso tem uma repercussão para o meio ambiente e para a saúde pública. Outras sabem, mas nem sempre sabem como agir corretamente", lamentou.