Londrina é primeira em coleta de lâmpadas fluorescentes usadas
Município foi responsável pela coleta de 507,2 mil unidades em dois anos, de acordo com dados da Reciclus; a partir de 2021 coleta deve ser realizada também em condomínios
PUBLICAÇÃO
domingo, 06 de dezembro de 2020
Município foi responsável pela coleta de 507,2 mil unidades em dois anos, de acordo com dados da Reciclus; a partir de 2021 coleta deve ser realizada também em condomínios
Vitor Struck - Grupo Folha
Passados dois anos desde que aderiu ao Programa da Reciclus (Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa), Londrina alcançou em setembro deste ano o primeiro lugar na lista de municípios paranaenses que apresentam maior efetividade na coleta de lâmpadas fluorescentes usadas em domicílios. Arapongas, Cambé e Rolândia, todos na Região Metropolitana de Londrina, também aparecem entre as 20 cidades do estado com os melhores resultados no período.
De acordo com a Reciclus, mais de 507,2 mil unidades foram coletadas em Londrina até setembro deste ano. Atualmente, a cidade conta com 47 pontos de entrega, entre supermercados, lojas de materiais de construção e eletroeletrônicos. A lista de pontos de coleta pode ser consultada em https://reciclus.org.br/lista-de-pontos-de-coleta/ .
O trabalho de "convencimento" foi feito a partir de julho de 2018 pela Sema (secretaria municipal do Ambiente) já que, até então, apenas cinco pontos haviam sido instalados na cidade, contou Mariza Pissinati, geógrafa do órgão e uma das articuladoras do projeto. Mesmo possuindo mais do que o dobro de habitantes, e com apenas 29 pontos de coleta, Curitiba recolheu 491,3 mil unidades no período. Em seguida aparecem Maringá, no Noroeste (193,6 mil), Cascavel, no Oeste (157,4 mil) e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (124 mil).
ACORDO SETORIAL
Para a implantação dos pontos de coleta foram levados em consideração critérios como número de habitantes, área urbana, densidade populacional, domicílios com energia elétrica, poder aquisitivo, infraestrutura viária e acessibilidade. Desta forma, 1.966 pontos em 450 municípios brasileiros estão em funcionamento. Essas regras foram definidas no final de novembro de 2014, quando um acordo setorial entre entidades importadoras, empresas fabricantes e o Ministério do Meio Ambiente foi firmado.
Atualmente, o estado que coleta o maior número de unidades usadas é São Paulo. Em seguida vêm Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, informa a Reciclus. Mas nesta “competição” não existem perdedores e, mesmo com os bons resultados, ainda há muito o que avançar. "Algumas pessoas ainda não sabem que existem pontos de coleta", lamentou a servidora da Sema.
PROJETO-PILOTO
Por conta disso, Londrina está escalada para dar início em 2021 a uma nova etapa do programa, que irá promover a coleta diretamente nos condomínios. Por enquanto, trata-se de um projeto piloto que vai ser implementado também em Curitiba e, por aqui, contará com uma parceria com a UEL (Universidade Estadual de Londrina).
"O condomínio ficaria responsável por armazenar. Obviamente vamos entregar um manual de boas condutas, com explicações de como manusear e armazenar. Eles colocariam uma pessoa responsável e quando se der 80% dos compartimentos de lâmpadas cheios, eles agendariam a coleta", explicou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus.
Criada para atuar como entidade gestora do processo, a Reciclus conta com 99 empresas associadas, dentre importadores e produtores de lâmpadas fluorescentes, e busca promover o sistema de logística reversa envolvendo toda a cadeia produtiva e a sociedade a fim de eliminar possíveis danos ambientais devido ao descarte irregular das lâmpadas.
LOGÍSTICA REVERSA
De acordo com a entidade, que é fruto da união da Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação) com a Abilumi (Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Produtos de Iluminação), 1,7 milhão de quilos de lâmpadas domiciliares já foram coletados em todo o País. Até 2014, quando da assinatura do acordo setorial, apenas 4% do que era vendido acabava sendo destinado corretamente.
“E depois do surgimento da Reciclus, torcemos para um aumento. Vamos aprendendo a cada ano, obviamente temos que melhorar, tem muitas lâmpadas estocadas e buscamos garantir que elas sejam recicladas até que todas sejam substituídas por Led”, avaliou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus.
Em Londrina, embora a quantidade de lâmpadas fluorescentes tubulares encontradas no aterro sanitário tenha caído bastante, ainda é possível melhorar a eficiência da logística reversa, avalia a geógrafa da Sema, Mariza Pissinati. Conforme vem constatando, muitos londrinenses ainda não conhecem os pontos de entrega.
CADEIA PRODUTIVA
No caso das lâmpadas, mesmo possuindo uma pequena quantidade de mercúrio e sódio, o produto, se descartado em córregos e outras áreas, pode ser muito perigoso à saúde. O assunto é “repetitivo”, avaliou Gabriel Monti, analista de sustentabilidade da Reciclus, mas "é importante que seja falado, pois as lâmpadas têm na sua composição um metal (mercúrio) persistente que ataca o sistema neurológico". "Ele perdura na cadeira alimentar." lembrou
Após coletado, o material segue para uma descontaminação e pode retornar à cadeia produtiva, o que atende a um preceito básico da economia circular e evita custos com energia e nova matéria-prima. No caso do vidro, a areia e o calcário. Outros materiais utilizados nas lâmpadas, como o alumínio também podem ser reutilizados.
Questionada sobre como está a eficiência da logística reversa de outros produtos na cidade, a servidora da Sema, Mariza Pissinati, lembrou que o maior desafio para se controlar são as embalagens, como as dos alimentos como salgadinhos. No entanto, "não se tem pleno controle sobre pneus e agrotóxicos", elencou como um problema em nível estadual e nacional.
Por conta disso, avalia que projetos que promovam a educação ambiental e busquem facilitar até mesmo a "visualização" do caminho que o lixo percorre são sempre bem-vindos. "Muitas pessoas não têm ideia de que isso tem uma repercussão para o meio ambiente e para a saúde pública. Outras sabem, mas nem sempre sabem como agir corretamente", lamentou.