Não foi registrado em Londrina um índice relevante dos roubos de carga entre janeiro e novembro de 2018. A maior concentração ocorreu em Curitiba (39%), segundo a DFRC (Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas). A cidade, no entanto, teria um "núcleo forte" de receptadores, segundo o delegado titular, Ademair da Cruz Braga Junior.

"O mercado de Maringá e Londrina tem um consumo elevado de mercadorias roubadas, o que acaba sendo um fomento para essas receptações. Não há roubos, mas identificamos como um polo de receptação", conta Braga Junior.

Na avaliação do presidente da Fetranspar, coronel Sérgio Malucelli, a receptação é um dos desdobramentos dos crimes contra o transporte que precisam ser abordados. Entre as medidas que a federação defende está a aprovação de leis municipais que cassem os alvarás de funcionamento de comerciantes que vendam produtos oriundos de práticas criminosas como roubo e estelionato. Um texto neste sentido foi aprovado no final de 2017 em Cascavel (Oeste). Em Curitiba, uma proposta tramita na Câmara Municipal. Em Londrina, o então prefeito Alexandre Kireeff assinou em 2016 um decreto que autorizou o poder municipal a interditar, revogar ou cassar o alvará de estabelecimentos vinculados à aquisição ou recebimento de mercadorias e produtos roubados ou furtados.

O delegado Thiago Vicentini de Oliveira, que respondeu em dezembro de 2018 pelo setor operacional de Furtos e Roubos de Londrina, diz que a população também pode fazer sua parte. Ele orienta que as pessoas se certifiquem da procedência dos produtos - especialmente aqueles que estiverem sendo vendidos com preços abaixo dos praticados pelo mercado. "Comprar é uma forma de estimular a prática", diz. "Não estamos atribuindo a responsabilidade a quem compra, mas é recomendável ficar atento, até para não se ver respondendo por crime de receptação." (R.C.)