Londrina tem mais um caso de sarampo confirmado. É o quinto na cidade. Trata-se de outro rapaz que esteve em uma festa rave em Maringá (Noroeste). Outros três jovens, que são amigos, foram para a mesma festa e contraíram a doença.

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. | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os quatro rapazes que viajaram e contraíram sarampo têm entre 17 e 19 anos. Um outro caso, atípico, já que ele havia tomado vacina contra a doença, é de um homem de 28 anos que não viajou e tampouco teve contato com pessoas de fora, mas foi contaminado.

Para a Secretaria de Saúde de Londrina, isso significa que o vírus já circula pela cidade. Londrina tem 15 notificações de sarampo. Seis estão sob análise aguardando exames do Lacen (Laboratório Central do Estado). Entre esses seis, há também um caso que tem relação com a rave. "Temos dois casos em investigação com forte suspeita que possivelmente serão positivados", ressaltou Sônia Fernandes, diretora de Vigilância em Saúde.

No Paraná, há 273 casos de sarampo confirmados, foram 42 novos somente na última semana. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (31) pela Sesa (Secretaria Estadual de Saúde). Curitiba e região metropolitana têm a maior quantidade de contaminados por sarampo. São 199 na capital, três em Almirante Tamandaré, um em Araucária, um em Balsa Nova, dois em Campina Grande do Sul, dois em Campo do Tenente, sete em Campo Largo, 18 em Colombo, um em Fazenda Rio Grande, um em Mandirituba, seis em Pinhais, quatro em Piraquara, dois em Rio Branco do Sul e 11 em São José dos Pinhais.

Em Ponta Grossa (Campos Gerais), um caso foi confirmado. Também há um caso em Irati (Sudeste), dois em Maringá (Noroeste), um em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), três em Carlópolis (Norte Pioneiro) e dois em Jacarezinho (Norte Pioneiro).

A faixa etária com maior ocorrência da doença é dos 20 aos 29 anos, com 151 casos. A única maneira de se prevenir contra o sarampo é por meio da vacina. A segunda fase da Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo começa no dia 18 de novembro e segue até o dia 30. Nesta fase o público-alvo são os jovens adultos, com idade entre 20 e 29. Mas a vacinação é indicada desde os seis meses até os 49 anos.

Em Londrina, do começo do ano até este mês, foram aplicadas 28.197 doses da vacina contra o sarampo. Para os menores de um ano, a cobertura vacinal está em 64,5%, abaixo do preconizado, de 95%.

VACINAS

Ainda que Londrina tenha estoques suficientes de vacinas contra o sarampo, Fernandes afirma que está em falta a vacina pentavalente, que previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B.

"Temos por enquanto a vacina pentavalente em falta porque o laboratório encaminhou lotes com desvio de qualidade, e o Ministério da Saúde não distribuiu. Ele aguarda o novo lote, que já está no Brasil", contou Fernandes.

Os estoques também estão baixos para a tríplice bacteriana e para a tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela), mas nesse caso não há prejuízo porque há a tríplice viral contra as três primeiras enfermidades e a monovalente contra varicela.

A BCG também está em quantidade reduzida, por isso só a maternidade municipal está vacinando. Sobre a imunização contra poliomielite, Fernandes afirma que o município recebeu poucas unidades. "Abrimos os frascos uma vez por semana, dependendo da unidade".

Segundo a diretora, a única sinalização recebida até o momento pelo Ministério da Saúde foi da Pentavalente. "As outras não sabemos quando serão retomadas porque já faz um tempo que estão reduzindo o estoque oferecido", afirma Fernandes.

Questionado, o MS (Ministério da Saúde) informou que mantém a distribuição de vacinas em todo o País e trabalha na regularização dos estoques quando há necessidade, em casos pontuais. A pasta esclarece que envia as doses mensalmente aos Estados, que são responsáveis pela distribuição aos municípios. Sobre a pentavalente, o MS disse que conseguiu antecipar o cronograma de distribuição da vacina. "De um total de 800 mil doses previstas para regularizar a distribuição nacional, a pasta já enviou metade no início de outubro e a outra metade está prevista para ser enviada no final do mês", diz a nota. Em outubro, foram 40 mil doses da vacina para o Paraná. A partir de novembro, o governo pretende conseguir regularizar a distribuição aos Estados.

"O Ministério da Saúde reitera que não há dados que ensejem emergência epidemiológica no Brasil das doenças cobertas pela vacina pentavalente. De qualquer forma, neste momento, os estoques nacionais são suficientes para realização de bloqueios vacinais, caso surtos inesperados apareçam. O sistema de vigilância à saúde monitora continuamente o tema a emitirá os alertas se estes forem necessários", diz a nota.

Sobre a DTP, a vacina tríplice bacteriana, o Ministério argumentou que foram enviadas 2,4 milhões de doses aos Estados, sendo 146.210 para o Paraná. A distribuição foi reduzida por conta de um problema de excursão de temperatura nas doses (variação de temperatura no transporte para o Brasil). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aguarda parecer da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) para avaliar a liberação do produto. Assim que as doses estiverem disponíveis, a distribuição será regularizada.

Quanto à tetraviral, o governo relata que neste ano foi enviado para os Estados um total de 1,4 milhão de doses da vacina, sendo 166.300 mil para o Paraná. O Ministério da Saúde disse ter investido mais de R$ 53 milhões para a aquisição dessa vacina e que neste mês de outubro foram liberadas 15 mil doses para o PR. Foram enviadas ainda 90 mil doses de BCG e 50 mil doses da imunização contra poliomielite para o Paraná em outubro, segundo a pasta.

DENGUE

O índice de infestação por Aedes aegypti, o LIRAa, de Londrina, divulgado nesta quinta-feira (31), é de 2%. O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, atribuiu a queda ao período sem chuva, mas ressaltou que o indicador ainda está acima do que é preconizado pelo Ministério da Saúde, de 1%, o que coloca o município em sinal permanente de alerta para epidemia.

Na zona norte está o maior índice de focos do mosquito. A infestação está nas residências, em vasos de plantas e no descarte irregular. Machado ressaltou que é uma situação de repetição dos LIRAas dos últimos três anos, em que as ações dos cidadãos poderiam ter evitado a reprodução dos mosquitos.

"Em recipientes plásticos, um simples olhar no quintal uma ou duas vezes por semana poderia resolver. A prefeitura tem feito mutirões de limpeza na cidade, mas ainda falta conscientização. Não é mais uma doença periférica, todas as regiões da cidade têm infestação do mosquito." Segundo Machado, equipes da vigilância epidemiológica planejam ações na cidade em parcerias com a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e a Secretaria de Obras.

O boletim epidemiológico da dengue divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) nesta terça-feira (29) colocou mais um município paranaense em situação de epidemia. Quinta do Sol (Noroeste) se junta a Inajá e Santa Isabel do Ivaí nos casos mais graves no Paraná. São 7.530 notificações da doença e 819 casos registrados no Estado. Desses, 80% são autóctones.

Enquanto isso, o veneno para o fumacê, que vem do Ministério da Saúde, está em falta. Mas, segundo Machado, o LIRAa identificou que mesmo com a aplicação do veneno os criadouros se mantiveram. "Sem a colaboração da população, não há fumacê que dê conta".

Sobre a falta do veneno, o Ministério da Saúde informou que do total de 105.600 mil litros do adulticida Malathion EW, entregues pelo laboratório Bayer ao armazém do governo, 26 mil litros já estão aptos para uso. "Essa primeira remessa aprovada já começou a ser distribuída aos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Rio de Janeiro, devido ao aumento de casos de Chikungunya. Os demais lotes, assim que liberados e aprovados, serão enviados aos estados para reabastecimento da rede".

A pasta reforça que o uso do veneno é a última estratégia de enfrentamento às doenças causadas pelo mosquito. "A medida mais eficaz é a eliminação de focos de multiplicação do mosquito (água parada), evitando que eles nasçam. Por isso, o envolvimento de todas as esferas do governo e da sociedade é fundamental."