Depois de 12 anos sem Censo Demográfico, o IBGE divulgou no dia 28 de dezembro os dados preliminares do Censo 2022, que apontam um aumento populacional em 247 municípios paranaenses em relação ao último levantamento, concluído em 2010. Destes, 35 apresentaram um crescimento superior a 10 mil habitantes, enquanto 129 tiveram um acréscimo acima de mil pessoas. Esse crescimento em números absolutos pode impressionar, mas o hiato sem que esse levantamento fosse realizado pode gerar distorções de percepção, já que a expectativa, em alguns casos, era de que esses números fossem maiores, uma vez que normalmente o intervalo entre as pesquisas é de dez anos.

Em números absolutos, os maiores crescimentos ocorreram em Curitiba, com quase 125 mil novos habitantes, seguida por Maringá (97 mil), Fazenda Rio Grande (86 mil), Londrina (81 mil), Ponta Grossa (80 mil), Cascavel (64 mil), São José dos Pinhais (64 mil), Araucária (47 mil) Sarandi (43 mil) e Piraquara (38 mil).

Londrina, por sua vez, teve o quarto crescimento em números absolutos, atrás de Curitiba, Maringá e Fazenda Rio Grande. No ano 2000, Londrina tinha 447.065. Em 2010 esse número subiu para 506.645 (+13,32%). Se o Censo fosse realizado em 2020 e o mesmo índice fosse aplicado para dez anos, a expectativa era de que Londrina tivesse 574.165 habitantes. Com esses dois anos adicionais, Londrina deveria ter 589.562 habitantes, mas os dados preliminares indicam 588.125, ou seja, a cidade, a exemplo de Curitiba, estaria apresentando um decréscimo da taxa de crescimento. Mas o que é preocupante é que municípios próximos da cidade vem enfrentando redução.

O presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Tadeu Felismino, ressaltou que a diminuição do ritmo do crescimento populacional já era prevista. “Nessa década a gente vai crescer um pouco menos do que na década anterior e na década seguinte, a de 30, vamos crescer menos e a previsão é que na década de 40 a curva começa a inverter e a gente passará a ter um decréscimo da população.”

Ele ressaltou que a taxa de natalidade em geral vem diminuindo. “A família média em Londrina já é menor que quatro membros, se eu não me engano está em 3,7. Isso significa que não está havendo reposição da população e, logicamente, isso impacta. O saldo migratório, que é o resultado entre pessoas que vêm para a cidade e pessoas que saem da cidade, também vem caindo.”

De acordo com Felismino, Londrina possui 19, 5% de vazios urbanos, já descontando áreas de fundo de vale, áreas institucionais e áreas de praças. “Se a gente pegasse toda essa área e dividisse por lotes de 250 m², e em cada lote colocasse uma residência com uma família padrão teríamos espaço na cidade para mais 500 mil habitantes sem precisar expandir a área do município. Ele defende uma cidade concentrada e mais compacta em que é possível encontrar tudo o que precisa num raio de 1.500 m.

“Seria 15 minutos a pé ou num raio de 5000 m seria 15 minutos de bicicleta. Isso tem o apelo ambiental e é bom para a economia, porque as pessoas não precisariam deslocar tanto de carro e ficaria mais barato para todo mundo”, declarou.

O secretário de Planejamento de Londrina, Marcelo Canhada, afirmou que esses números são preliminares e ele quer marcar uma reunião para ver como o município pode ajudar a sanar as dificuldades que os recenseadores vêm encontrando. “Essas números têm impacto na arrecadação e no Fundo de Participação dos Municípios e na distribuição do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).” Ele explicou que cada pasta possui seu planejamento e, na prática, esses números do IBGE tem pouco impacto nesse planejamento.

Segundo a diretora-presidente do Ipplam (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá), Bruna Barroca, a estimativa de crescimento de Maringá pelo instituto deu uma diferença de aproximadamente 3 mil habitantes em relação ao apresentado pelo IBGE. “É muito pouco. Todo o diagnóstico que a gente fez para mapear a cidade e planejá-la para 10 anos, o plano diretor já trazia essas proposições. Foi possível ver nesse diagnóstico que mesmo com esse aumento de 27% da população conseguiríamos ter a infraestrutura básica e necessária para que a cidade tivesse esse crescimento. Maringá é, teoricamente, uma cidade compacta e nosso território urbano tem uma distribuição de população em todo o seu espaço. Temos alguns vazios urbanos com algumas condicionantes, mas a parcela de ocupação a gente conseguiu disseminar no território e esse aumento foi absorvido por esses espaços dos vazios urbanos”, declarou.

Mesmo com o maior aumento populacional do Paraná, o índice de crescimento populacional de Curitiba, por exemplo, está em decréscimo, segundo análise do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). O coordenador de Geoprocessamento do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), Oscar Schmeiske, analisou que a cidade Curitiba vem ao longo dos últimos anos apresentando desaceleração na taxa de crescimento demográfico.

Segundo os dados preliminares do Censo, nos últimos 12 anos a população da capital paranaense cresceu a uma taxa média de 0,55%, menos que a média nacional que deve ficar acima de 0,7%. “Para comparação, no período de 2000 a 2010 essa taxa era de quase 1% e na década anterior 2,1%, quase quatro vez a taxa apontada agora.”

“Em número de habitantes, os dados preliminares de 1.871.789 anunciados para Curitiba, inclusive, foram inferiores às estimativas do município para os anos de 2020 e 2021, feitas com base nos próprios números do IBGE. A população estimada para esses anos pelos cálculos dos órgãos de planejamento era de 1.948.626 para 2020 e 1.963.726 para 2021”, destacou o coordenador.

“Embora a população da cidade-polo esteja crescendo menos ao longo dos anos, isso não tem ocorrido nas cidades conurbadas que compartilham dos serviços da capital. Nesse entorno se encontram cidades como Piraquara, que viu sua população crescer 40% desde 2010 e Fazenda Rio Grande, cuja população mais que dobrou no período. Por conta disso, é importante considerar o crescimento da região metropolitana como um todo, de forma a orientar políticas públicas para o desenvolvimento integrado.”

Nos últimos 12 anos, segundo o IBGE, o número de pessoas que residem em todo o Paraná passou de 10,4 milhões para 11,8 milhões, um acréscimo de 1,4 milhão de moradores, o que fez com que a população paranaense passasse de 5,47% em 2010 para 5,70% dos 207,8 milhões de brasileiros em 2022. O Paraná também aumentou a sua participação em relação à população do Sul do Brasil, de 38,12% para 38,57%. O País atingiu a marca de 207.750.291 habitantes este ano. O aumento da população paranaense foi de 11,7% nesse período, superando o índice nacional de 8,19%.

Com as mudanças, o Estado conta agora com 22 cidades com mais de 100 mil habitantes. Há ainda 69 municípios que têm entre 20 mil e 100 mil moradores e 105 com 10 mil a 20 mil residentes. As maiores localidades estão concentradas na Região Metropolitana de Curitiba, Norte e Oeste do Paraná.

Na outra ponta, os menores municípios do Estado são Guaporema, com 2.186 habitantes, Iguatu (2.142), Uniflor (2.136), São Manoel do Paraná (2.132), Santo Antônio do Paraíso (2.122), Miraselva (1.965), Esperança Nova (1.845), Santa Inês (1.744), Nova Aliança do Ivaí (1.315) e Jardim Olinda, a menor cidade do Paraná, com 1.280 residentes.

Dos 399 municípios existentes no Paraná, 150 municípios perderam população entre a realização do censo anterior e o atual. Entre os cinco municípios que mais perderam população estão General Carneiro, que possuía 13.667 e hoje está com 11.053 (-2.614); Porecatu, que tinha 14.183 e hoje está com 11.596 (-2.587); Cantagalo, que chegou a ter 12.952 e hoje está com 10.589 (-2.363); Cornélio Procópio, cuja população caiu de 46.925 para 44.599 (-2.326) e Cruz Machado, que passou de 18.043 para 15.993 (-2.050).

CENSO 2022

As informações foram calculadas com base nos dados publicadas pelo IBGE a partir dos questionários respondidos pela população até 25 de dezembro. A metodologia do órgão considera o resultado prévio de municípios onde a coleta já foi concluída e uma combinação de dados e estimativas para as demais localidades onde o trabalho ainda está em andamento.

Além do caráter informativo e uma fonte para definição de prioridades de políticas públicas pelos governos municipais, estaduais e a União, os dados do Censo são utilizados para calcular a distribuição dos recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

Seguindo um modelo estatístico, o IBGE entrega ao TCU (Tribunal de Contas da União) um resultado prévio do ano de 2022 a partir dos 83,9% da população recenseada nos 5.570 municípios do País. “Este modelo adotado foi bastante estudado e aprovado pela Comissão Consultiva do Censo 2022, que olhou detalhadamente o processo desenvolvido para fornecer ao TCU e à sociedade os melhores dados técnicos e reais possíveis”, explica o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.

O Censo 2022 começou em 1º de agosto e se estenderá durante o mês de janeiro de 2023. Os moradores de domicílios que ainda não participaram do levantamento devem ligar para o Disque-Censo no número 137. A ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone fixo ou celular todo os dias da semana das 8h às 21h30. (Com Agência Estadual de Notícias)

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