Londres, 31 (AE) - Londres, a capital do Reino Unido, vive um momento político inédito. A cidade se prepara para escolher seu primeiro prefeito e 25 vereadores que formarão a nova Câmara Municipal no dia 4 de maio .
Quem vencer a eleição para o Executivo governará os cerca de 7 milhões de habitantes de Londres e controlará um orçamento anual de US$ 8,5 bilhões, cerca de R$ 15 bilhões.
A disputa pelo cargo iniciou ainda no final do ano passado, mas somente nas últimas três semanas a campanha política começou a esquentar. Quatro candidatos dividem a atenção dos eleitores. Susan Kramer, pelo Partido Democrático Liberal; Steve Norris, concorrendo pelo Partido Conservador; Frank Dobson, pelo Partido Trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair; e o candidato independente Ken Levingstone que, segundo pesquisas realizadas pelo jornal The Guardian, conta com 68% da preferência de votos dos eleitores.
Levingstone, que deixou o Partido Trabalhista no dia 7 de março depois de ter sido substituído na votação de colegiado pelo seu atual rival, está sendo considerado como a pedra no sapato de Blair. Segundo os analistas, sua vitória pode atrapalhar os planos políticos do primeiro-ministro para uma possível reeleição. Isso porque o novo prefeito será o político mais importante da maior cidade britânica.
Diferente do que se vê no Brasil em época de eleições, a campanha política no Reino de Elizabeth II é bem mais amena, quase não se tem propagandas nas ruas. A campanha se dá mais em nível de debates públicos promovidos por instituições e meios de comunicação.
Viver sem medo de discriminação ou opressão é um dos lemas que os candidatos estão propondo como parte de suas plataformas políticas.
Para angariar a simpatia das mais distintas classes de grupos
traduzidos em votos, Levingstone disse que legalizará o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Londres se eleito for. Tal proposta repercutiu entre outros candidatos como Susan; que disse fará o mesmo.
O processo de adoção de um novo tipo de governo para a cidade de Londres começou há três anos quando Blair mudou-se para o número 10 da Downing Street, sede do governo. Atualmente, a administração da capital é dividida em 32 regiões com governos locais independentes, que cuidam de parques, limpeza, asfalto, iluminação pública e cobranças de taxas, entre outros. Os serviços como transporte público, educação, e segurança, no entanto, são de responsabilidade do governo central britânico, que também sustenta os conselhos. Até 1986 existia um conselho maior que coordenava o trabalho dos demais, mas, a então primeira-ministra Margareth Thatcher decidiu extingui-lo.
No novo sistema de governo os conselhos serão subordinados à prefeitura, num modelo semelhante ao de São Paulo. O que mudará de fato a partir do dia 4 de maio será a transferência do que ainda é de competência do Gabinete do primeiro-ministro para a mãos do novo prefeito.
Além de passar a controlar todo o sistema de transporte público como metrô, ônibus, taxis e outros, o prefeito poderá escolher, dentre os membros da Câmara Municipal, quem o substituirá em caso de doença ou morte. Entre outras prerrogativas, ele, ou ela, também poderá escolher quem vai comandar a Polícia Metropolitana, responsável pelo policiamento investigativo e ostensivo da cidade.
Tanto o prefeito como os parlamentares serão eleitos para um mandato de quatro anos podendo se candidatarem à reeleição quantas vezes quiser. E o prefeito só perderá o mandato se for condenado na Justiça.
O salário será de aproximadamente US$ 12 mil mensal para o prefeito (cerca de R$ 21 mil), quase o mesmo que ganha um ministro de Estado.
Os novos vereadores terão uma renda mensal de US$ 4 mil (algo em torno de R$ 8 mil). A escolha para esses cargos, no entanto, não será da mesma forma que a do prefeito. Somente 14 das 25 vagas para a Câmara Municipal serão eleitas por meio do voto direto. Para que as 32 regiões sejam representadas igualmente no Legislativo, cada um desses 14 representará duas ou três regiões. Os demais 11 serão indicados pelos partidos mais votados.