O livro “SUS e Estado de bem-estar social: perspectivas pós-pandemia” (Hucitec Editora), do médico sanitarista Nelson Rodrigues dos Santos, será lançado em Londrina na próxima quinta-feira (21). O evento é promovido pela Alumni UEL (Associação dos Ex-Alunos da UEL).

O autor, conhecido como “Nelsão”, foi professor de Saúde Coletiva da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e, ainda na década de 1970, participou da instalação das primeiras UBS (Unidades Básicas de Saúde) do município. Ao longo de sua carreira, se tornou uma referência na área, e nesta nova obra lança um olhar completo sobre o sistema de saúde pública do Brasil.

Santos explica que, na ocasião do lançamento, vai abordar os principais ângulos trabalhados em sua obra. Alguns dos aspectos são os impactos para a população nos 34 anos do SUS (Sistema Único de Saúde), que foi criado na Constituição Federal de 1988. Ele cita, inclusive, a recente fase aguda da pandemia da Covid-19.

Além disso, lista as “distorções e tendências negativas nos 34 anos de vigência das diretrizes constitucionais do SUS e consequências na saúde da população e nas condições de trabalho dos profissionais de saúde” e o “predomínio da esfera federal, como política de Estado, nas distorções e tendências negativas”. Um último aspecto a ser discutido são as perspectivas a médio e longo prazo do sistema.

À FOLHA, o conselheiro geral da Alumni UEL, Gilberto Berguio Martin ressalta que Santos “é um dos principais pensadores do SUS” e que o livro apresenta a sua bagagem de conteúdo.

“No livro ele aborda as potencialidades do SUS e faz um acurado diagnóstico das principais barreiras que vêm sendo implantadas para que o SUS seja pleno em suas propostas de origem e que constam da Constituição Federal”, afirma.

De acordo com Martin, é defendido que seja cumprido à risca o que a Constituição traz sobre o SUS, e que é importante uma conscientização sobre os riscos que o sistema sofre. Para ele, é necessária uma mobilização “no que diz respeito aos critérios de financiamento, à garantia de acesso, ao avanço no processo de regionalização para que as pessoas tenham garantido o atendimento em todas áreas de suas necessidades de forma integral e resolutiva”.

Um alerta presente no livro, continua Martin, é de que o SUS possa ser “desmontado de dentro para fora”, sem que isso seja percebido pela sociedade.

HISTÓRIA

Referência nacional, Santos teve participação efetiva na construção da saúde pública londrinense. Na década de 1970, foi docente do curso de Medicina e participou da criação do Departamento de Saúde Coletiva, além de ter sido diretor do CCS (Centro de Ciências da Saúde) da instituição.

Uma de suas constituições foi a criação e implementação dos primeiros postos de saúde da cidade na Vila da Fraternidade, no Jardim do Sol e nos distritos Irerê e Paiquerê.

“Esta experiência praticamente moldou a ideia do que vieram a ser hoje as Unidades Básicas de Saúde espalhadas pelo Brasil todo. Uma experiência que nasceu em Londrina, com a coordenação dele, antecipando conceitos que seriam desenvolvidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) na Conferência Internacional de Alma Ata, em 1978”, acrescenta.

Martin também ressalta que a proximidade de Santos com o prefeito Dalton Paranaguá permitiu a implantação desse projeto em outros pontos de Londrina. “No período em que era diretor do CCS, chegou a ser preso pela ditadura militar por suas ideias sociais para área de saúde e uma ampla mobilização dos estudantes através do jornal 'Poeira' garantiu sua integridade e em seguida sua soltura”, lembra o conselheiro geral da Alumni.

Após seu período em Londrina, o médico sanitarista foi para a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e ficou à frente das pastas de saúde de Campinas e do Estado de São Paulo.

SERVIÇO

Lançamento do livro “SUS e Estado de bem-estar social: perspectivas pós-pandemia”

Data: quinta-feira (21)

Horário: 19h30

Local: sede da AML (avenida Harry Prochet, 1.055)